Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 128 uma interação de forma diversificada no âmbito do reconhecimento históri- co e identitário de todos os sujeitos envolvidos na relação e interação social, racial e, sobremaneira, educacional. “O tema da identidade é um tema muito mobilizador de mentes e corações, em nossos dias. Trata-se de uma das categorias fundamentais para a compreensão da sociedade”. (FOLLMANN et al ., 2017, p. 26). Pensar as identidades como processos fundamentais na sociedade contribui para avaliarmos mais precisamente toda história cultural de nossa sociedade e dos sujeitos de diferentes culturas étnicas, que muitas vezes assume formas alienadas. Esta história alienada e banhada no poder da brancura superiorizada advém de uma educação formal conduzida pelo sujeito “tido branco”, que detém o poder e as caixinhas intelectuais de conduzir a todos os demais sujeitos, como os negros e indígenas. Isso acaba dificultando o processo his- tórico e identitário desses sujeitos que sucumbem e são sujeitados e assimi- lados na cultura do “tido branco”. O agravante em tudo isto é que o próprio sujeito “tido branco” também não reconhece sua própria história de descen- dente do poder escravocrata ou de políticas de branqueamento. O processo alienatório e patológico penetra a cultura, a música, a dança, a culinária, e todas as demais áreas do conhecimento e práticas pedagógicas. 7 2. Por que devemos descolonizar as mentes embranquecidas? Este tempo de estudos foi de suma importância para revisitarmos as leituras de autores que contribuem para nosso aprofundamento voltado para a descolonização, enquanto dilema tremendamente vivo ainda em ple- 7 Na primeira redação deste artigo, tínhamos na sequência um pequeno subtítulo política de branqueamento no horizonte da ideologia eugenista , baseando-nos sobretudo em Pietra Diwan, em seu livro Raça Pura: Uma história da Eugenia do Brasil e no Mundo (2007), a qual nos alerta para a relevância histórica dos estudos sobre esta temática, a sua intensidade e extensão no sen- tido de provocação e desconforto tanto para a América Latina, incluindo o Brasil, e, também, para o próprio mundo ocidental, como um todo. Os estudos mostram o quanto o mundo da ciência se abasteceu de formas ideológicas nefastas e discriminatórias, como as ancestralidades africanas foram prejudicadas e feridas, suportando o peso de um porvir futuro de grandes sofri- mentos, advindos de nefastas ideologias eugenistas, contrapondo superioridades a inferioridades na humanidade. Para a autora, no Brasil, a escravidão foi abolida tardiamente, perpetuando a dívida do país com a comunidade de afrodescendentes, que ainda tem muito a recuperar pelo sofrimento ancestral de suas famílias (DIWAN, 2007, p. 10).
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