Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 124 país passam a ser, mais uma vez, empurradas para a margem, assim como foi desde o longo período de escravidão. A nosso ver, este é um ponto de partida importante para se retomar o conceito da “patologia social do branco brasi- leiro”, num amplo horizonte de discussão da problemática do “ser branco” em nossa sociedade e da importância dos estudos referentes à “decoloniali- dade” e “descolonização das mentes”. O que está escancarado pela pandemia que enfrentamos hoje, onde mais uma vez os negros (e indígenas) são as maiores vítimas, continua se manifestando também perversamente no próprio seio das academias, onde, em diversas situações, se repetem, de forma velada, práticas pedagógicas re- vestidas de falseamento científico, que reforçam o racismo estrutural e insti- tucional, que elas mesmas dizem combater. Existe um “rolo compressor” sistemático que deve ser empurrado de volta. Trata-se, sem dúvida, de uma tarefa muito difícil. O “rolo compres- sor” é uma imagem que utilizamos muito nas atividades em sala de aula. Empurrar o “rolo compressor” de volta faz aparecer fraturas sociais e políti- cas, desenhadas em uma realidade esmagada que revive. É preciso pergun- tar: quem faz o papel de “rolo compressor” hoje? Como podemos perceber a presença deste “rolo compressor” atuando no próprio sujeito? Do nosso ponto de vista, está aí visível uma patologia, que traz dentro dela, embalados ou disfarçados, o racismo e a exclusão social e racial. Trazer para o nosso contexto a concepção de Guerreiro Ramos acerca da “patologia social do branco brasileiro” é um desafio que nos mobiliza intensamente. O debate foi desencadeado há décadas por este autor e tam- bém por outros pensadores do movimento negro brasileiro. Os limites de uma “cientificidade” com referência eminentemente eurocêntrica fizeram com que esse debate ou as ideias do autor ficassem abafados e colonizados dentro do mundo acadêmico. Ou seja, o debate não conseguiu ter o seu verdadeiro espaço. Atualmente, uma autora que nos traz importantes contribuições na mesma linha de raciocínio, colocando-se em uma perspectiva também “fe- minista”, é Djamila Ribeiro. Ela fala de uma realidade vivida e experimen- tada pelo sujeito que enfrenta a violência simbólica nas academias. Uma violência que trata com sutil constrangimento os diferentes, ou seja, os sujei- tos “tidos brancos” intelectuais ou pensadores ainda vivem debaixo de suas reações infladas e inflamadas pelo poder do conhecimento científico, que desqualifica e afirma o outro como o “problema”. Os estudos sobre os ne- gros, sistematizados por este branco, ainda continuam sendo severos no seu

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