Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Por uma Educação Ecointegradora: perspectivas decoloniais 115 por todos os elementos que compõem a biosfera. Diferentemente da ecolo- gia rasa, que objetiva o “desenvolvimento sustentável” da humanidade, sua vertente profunda prega o “giro” ideológico em direção ao que compreende- mos como perspectivas decoloniais. Entendemos que os estudos decoloniais, principalmente no campo das pedagogias decoloniais, têm contribuído profundamente para a construção de uma educação para um “bem viver”, que compreende a natureza como sujeito de direitos em si mesma. Neste sentido, na construção de uma ética ecossituada da vida, filiamo-nos à proposta de Krenak (2020), que repre- senta a esperança da luta por fazer melhor a própria existência humana, de ser mais . Quando questionado sobre o futuro da Terra após a pandemia de COVID-19, em meio à crise do capitalismo mundial, da desigualdade social e do aquecimento global, ele nos fala: “Tomara que não voltemos à norma- lidade, pois, se voltarmos, é porque não valeu nada a morte de milhares de pessoas no mundo inteiro” (KRENAK, 2020, p. 9). Como seria este não normal na educação? O presente ensaio nos desa- fiou a um olhar alargado e profundo para encontrar as bases onde se assen- ta a interconectividade. Se é fato que a noção de progresso linear baseado na exploração da natureza como simples suporte ou recurso transmitida na educação moderna se tornou hegemônica, também se deve reconhecer que houve ao lado dela – muitas vezes de forma esquecida, marginalizada ou su- focada – vozes e práticas que buscavam um viver junto com vida mais digna para todos e um mundo socioambientalmente mais justo. Ao olharmos para trás e para os lados conseguimos identificar sinais que nos inspiram a seguir em frente com mais esperança. A educação, como vimos, pode ajudar a de- senvolver a capacidade, a humildade e a ousadia de ler esses sinais, os inéditos viáveis, que sempre existiram e que continuam emergindo na história. Referências BENITES, Eliel. Tekoha Ñeropu’ã: aldeia que se levanta. Revista NERA , v. 23, n. 52, p. 19- 38, 2020. BINGEMER, M. C. L. Algumas tendências teológicas na América Latina. Ephata , v. 2, n. 2, p. 111‑143. 2020. DOI: 10.34632/ephata.2020.9536. BROTHERSTON, Gordon. Popol Vuh: contextos e princípio de leitura. In: BROTHERSTON, Gordon; MEDEIROS, Sérgio. Popol Vuh . São Paulo: Iluminuras, 2007.
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