Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Por uma Educação Ecointegradora: perspectivas decoloniais 111 de educadores que estão comprometidos “com a transformação da sociedade injusta e na criação de uma sociedade menos injusta”: a) ser coerente entre o que se diz e o que se faz; b) saber trabalhar a tensão entre a palavra e o silên- cio; c) trabalhar criticamente a tensão entre a subjetividade e a objetividade; d) diferenciar o aqui e agora do educador do aqui e agora do educando; e) evitar o espontaneísmo sem cair na manipulação; f ) vincular teoria e prática; g) praticar uma paciência impaciente; h) ler o texto a partir da leitura do contexto. A ética, segundo ele, precisa vir acompanhada da estética. “Decência e boniteza de mãos dadas” (FREIRE, 1996, p. 36). Quem melhor que Thiago de Mello, um poeta, para captar o estético da obra de Freire? Diz ele: “Poe- sia é dom, que Paulo Freire tem. Que o fez descobrir o mágico poder que toda palavra tem. Os gregos antigos revelaram que é poeta quem sabe dar nome às coisas. Paulo sabe”. (MELLO, 2018, p. 373). Essa possibilidade de pronunciar o mundo , como um ato estético, faz parte de uma educação que busca dar conta da integralidade humana. 3. Saber mais sobre si e sobre seu mundo: fontes de uma ética ecossituada Na cultura andina, a Pacha Mama representa a relação entre tempo e espaço. Tempo que cura os males, que determina as estações, que representa o movimento vital; espaço enquanto terra-mãe, que cria e sustenta toda vida no universo. Pacha Mama é um ser que sente, é energia. Mas é também um imperativo ético, uma percepção holística do mundo que demarca a inte- gralidade e a dependência entre tudo o que é vivo (KAISJER, 2014). Este imperativo ético, que se traduz no conceito Sumak Kawsay , nos ensina que tudo e todos estão interconectados em uma dinâmica baseada no diálogo, no respeito e na reciprocidade. Sumak Kawsay significa, portanto, bem viver, “ allí se configura la visión y la práctica social sobre la vida y el cosmos, una visión y práctica que unen los espacios físicos con lo intangible, lo material con lo espiritual, el hombre/mujer con la naturaliza ” (WALSH, 2009, p. 217). Ao abordar o Sumak Kawsay como projeto político-existencial que compreende a vida em sua totalidade espacial e temporal, Walsh (2009) identifica quatro princípios fundantes: a) a relacionalidade, que representa o vínculo e a autorregulação entre todas as dimensões (afetivas, ecológicas, estéticas, produtivas, espirituais, éticas, inte-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz