Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2

Educação em Justiça socioambiental para a ecologia integral 89 O propósito de consolidar nexos entre educação ambiental e as formas de comunicação poderia aludir à avanços contemporâneos, mapear cená- rios criativos, alegar argumentos convincentes visando encorajar rupturas epistemológicas e delineando um campo onde a investigação sustentaria a educação ambiental interdisciplinar (BODNAR; FREITAS; SILVA, 2016). Compreender o significado e o alcance da categoria de ecologia integral na perspectiva dos múltiplos saberes é também um realce à interdependência e reciprocidade entre as dimensões do humano e do não humano, ambos habitantes da casa comum . De acordo com Neves, Perassi e Fialho (2016, p. 133) Identificou-se o predomínio da concepção crítica de educação ambien- tal. Considera-se que com uma visão de Ecologia integral, o conheci- mento interdisciplinar expresso no documento contribui de maneira diferenciada com o debate sobre a sustentabilidade, revelando a in- fluência da origem latino-americana do Papa e da Igreja da América Latina que, tradicionalmente, relaciona a defesa do meio ambiente com a defesa da Justiça social”. Se a realidade social está em movimento e implica em reeducação do horizonte dos indivíduos, portanto em mudança, também a educação é ao mesmo tempo o cuidado com valores e movimento do vir a ser. A partir do documento do papa Francisco, é possível afirmar a vigência de paradoxos: a) endossa a dimensão do equilíbrio de um sistema, ao mesmo tempo em que o analisa em seu movimento; b) enfatiza a ótica do cuidado com a casa comum como tarefa coletiva, sem desmerecer a presença da subjetividade e as motivações pessoais; c) a educação rima com o despertar e as práticas do cuidado, bem como se institui o cuidado com a alteridade como um antídoto à indiferença. Neste ínterim, a educação comparece como um pro- cesso permanente e, como tal, sempre inacabado, ou uma visão como um processo social que aprecia os seres e suas relações sociais, o local e o global, o individual e o social, entre outras complexidades. Todavia, o apelo do papa Francisco é para que nos países desenvolvi- dos e no seio das classes abastadas se realizem mudanças nos hábitos de con- sumo, se diminuam os desperdícios múltiplos e isto reverta em mecanismos de distribuição para abalar as desigualdades. Ao contrário do que supõe o documento papal, os jovens não possuem uma nova sensibilidade ecológica e um espírito mais generoso que as gerações adultas. Exemplo disto seria o

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