Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Educação em Justiça socioambiental para a ecologia integral 85 tros; a todos/as os humanos/as encontram-se entrelaçados com os vínculos de pertença e de solidariedade, porquanto nesta irmandade vigora muito de altruísmo. A questão final ou fulcral consiste na interrogação de como edu- car para a aliança entre humanidade e ambiente, ou para realocar o humano na biodiversidade, uma vez que a modernidade insiste num deslocamento ou mecanismos de desencaixe (GIDDENS, 2002). No momento em que a encíclica papal aposta numa crítica ao antropo- centrismo, à tecnocracia e ao progresso humano, devido às dimensões dos im- pactos ambientais irreversíveis, também se encontra implícita uma reflexivi- dade sobre a trajetória do cristianismo 6 . Talvez seja relevante afirmar o intuito de ultrapassar o reducionismo da dualidade antropocentrismo e ecocentrismo, uma vez que a realidade socioambiental possui dinâmicas complexas (ALVES, 2015). Ao mesmo tempo, comparece um paradoxo neste debate: o ser huma- no considerado como excepcional entre as outras criaturas e ao mesmo tempo reconhecer a emergência de direitos aos não humanos (terra, biodiversidade, água). Se considerarmos o humano apenas mais um ser entre tantos outros seres vivos também se dilui o ímpeto ao processo educativo. 3. As bases para uma ecologia integral e o reconhecimento da reflexividade e da complexidade O planeta como uma dádiva justifica o cuidado com a casa comum . Na ecologia integral sob o viés de que recebemos o planeta que habitamos como um empréstimo de nossos antepassados tem-se que o legaremos aos futuros habitantes como se fosse algo intrínseco de nós mesmos. Ao mesmo tempo a ecologia integral nos alerta para nossas dependências em face dos ecossistemas. Assim sendo, a emergência da visão na qual se pauta o cuidado com a casa comum possui como alicerce a concepção de outra economia 7 , que considere como relevantes todas as formas de vida do planeta. 6 Segundo Neves, Perassi e Fialho (2016, p. 139), “a Encíclica recebeu críticas com base na oposi- ção entre ecologia rasa e ecologia profunda, relacionada à outra oposição: o antropocentrismo e biocentrismo. Mantendo a ideia de que o homem é a criatura dotada de capacidades de conhe- cimentos especiais, o conteúdo da encíclica critica o antropocentrismo exagerado, mas atribui ao ser humano a gestão ética, política e econômica da “casa comum”, indicando-o como responsável pela administração da “casa”. 7 Neste sentido existe todo um movimento para alicerçar alternativas. Uma economia a serviço do bem comum. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/603609-economia-a-servico-do
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