Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2

Educação em Justiça socioambiental para a ecologia integral 83 ecológico ou simplesmente ecologia integral” (TAVARES, 2019, p. 37). O primeiro movimento é visibilizado com sintomas de adoentado, com cirro- ses expostas em meio às suas contradições flagrantes e o outro em processo de gestação. Por certo, as contribuições da tecnologia são reconhecidas para mitigar os impactos ambientais; ao mesmo tempo, as inovações geram no- vos mecanismos de degradação ambiental. A partir disto pode-se considerar insensata a confiança irrestrita na tecnologia, de que com ela triunfarão os cuidados com o meio ambiente. Ao longo da narrativa aqui anunciada ainda abordaremos, especial- mente utilizando as chaves política, ambiental, social e cultural, algumas partes do documento “Carta Encíclica Laudato Si’ ” do papa Francisco sobre “o cuidado da casa comum ”, ou simplesmente como “ecologia integral”. A expressão educação ambiental está referida duas vezes e, educação, dez vezes; o termo ecologia integral aparece nove vezes e a noção de justiça comparece em 29 oportunidades. 2. A crise ecológica possui uma raiz humana e decorre de um processo deliberativo O propósito do exame da raiz humana da crise ambiental contempo- rânea condiz diretamente com a preocupação com a justiça socioambien- tal. Ao mencionar a crise ecológica, um viés é cair no lugar comum, citar questões usuais ou ainda utilizar uma abordagem demasiadamente geral, de tal forma que conduza os leitores a não captarem as consequências ou as práticas, influenciando e sendo influenciadas. Este é o caso da discussão quanto à “raiz humana da crise ecológica”, ou seja, o homem tornou-se o primordial problema para si mesmo. Cabe reconhecer a diversidade de desastres em curso, vistos como catástrofes devido aos seus largos resulta- dos: “nas catástrofes resultantes de crises sociais, porque a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca” (LS, 204). Talvez se possa afirmar que este é o cume das consequências do antropo- centrismo contemporâneo, a escalada das prioridades rima em conflito com a parcimônia, a fraternidade e o reconhecimento das alteridades e condicionamentos. O utilitarismo e as desigualdades se unem a processos alicerçados na ausência de questionamentos às ciências, às consequências das inovações

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