Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2

Educação em Justiça socioambiental para a ecologia integral 81 ações consequentes à realidade que dignifique a todas as criaturas. A per- cepção ambiental no sentido integral e integrador, o autoconhecimento e o reconhecimento de todas as formas de vida como mecanismos interligados são elementos que alimentam reflexões e ações no cotidiano. A manifesta preocupação em termos de delimitação dos termos e da definição das noções soa como o anseio de situar um ponto comum para a trajetória, como é o caso da expressão “Ecologia Integral 3 ”. Aliás, a expressão remete a um dos princípios da dialética, ou seja, o princípio da totalidade in- vestigativa, axiológica e epistemológica, também reconhecido como perspec- tiva de ação recíproca, ou união dos contrários. A ecologia integral proposta parece equidistante tanto do modo de operação do sistema capitalista quanto das experiências históricas do socialismo real, pois em ambas vigorou uma subjugação da questão ambiental ao projeto do progresso ilimitado e de bem- -estar. Löwy (2005) aponta que a extorsão de bens naturais e o aviltamento da força dos trabalhadores ou o desemprego estrutural com inúmeros descartados consolidam um paralelo, pois a mesma lógica predatória se vislumbra como resultado planejado. Embora se demarquem como horizontes epistemológicos específicos, pelos diversos elementos que alicerçam, se aproximam à ecologia integral e o ecossocialismo: o cuidado da casa comum 4 . E ambas as vertentes podem endossar: “educar para a aliança entre a humanidade e o ambiente”, cuja tarefa é de mútua implicância, de educar e ser educado. As perspectivas interrogantes advêm do campo das ciências sociais projetando a construção da crítica ao status quo e, por isso, torna-se funda- mental contemplar perspectivas de outros olhares e saberes, bem como de práticas sociais transformadoras, a propósito dos termos constantes no título do texto. As lutas ideológicas situam-se em todos os campos do saber e do exercício de poder: de igual modo é indispensável um diálogo entre as próprias ciências, porque cada uma costuma fechar-se nos limites da sua própria lingua- gem, e a especialização tende a converter-se em isolamento e absolu- tização do próprio saber. Isto impede de enfrentar adequadamente os problemas do meio ambiente (LS, 201). 3 Num breve percurso pela literatura acadêmica disponível em português fica evidente que o uso deste termo precede o documento papal, bem como o uso diversificado. 4 Sob este prisma, ao destacar a referência à função social da propriedade e as críticas à lógica do mercado, leva os adversários das causas socioambientais a terem uma aversão devido a um “comunismo papal”, com ênfase na casa comum .

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