Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Aloisio Ruscheinsky 80 que usualmente parecem os mais insignificantes. “O cuidado pela terra e o cuidado em relação ao vulnerável e ao pobre mesclam-se” (CERVI; HAHN, 2017, p. 148). Cabe lembrar que houve um documento que precede à encíclica eco- logia integral denominado de Curar um mundo ferido. Relatório especial sobre ecologia 2 , publicado pelos jesuítas e que consolida um apelo à proteção de toda a obra da criação. A ideia de “curar um mundo ferido” nos remete a sentimen- tos, a vida que pulsa e está ameaçada por um vírus. Em sua narrativa expõe as razões éticas e morais para um compromisso de cuidar da dimensão ambiental como um ser vivo, apelando para outro estilo de vida comprometido com a defesa da vida desenhada pela complexidade e reflexividade. 1. A pertinência de uma reflexão desafiadora Dois momentos e movimentos com aproximadamente um século de distanciamento. Se no final do século XIX emergiu a questão social como uma preocupação do Estado Nação, esta se encontra associada a um leque de conflitos sociopolíticos. Essa emergência levou o papa Leão XIII a com- preender a existência de novos tempos e “coisas novas”, aprimorando com a encíclica Rerum Novarum um olhar, um novo movimento de reflexão e de proposições práticas da Igreja Católica em face do mundo social. De forma similar ao final do século XX emerge a questão ambiental como calcanhar de Aquiles. Considerando que neste capítulo se pretende con- tribuir com uma proposição para práticas socioambientais ampliadas, se credi- ta relevante a renovação da percepção do outro, da biodiversidade, do planeta, bem como a consciência ambiental pautada pela alteridade ou o mundo que nos inspira. Como tal, uma ecopolítica, uma dimensão socioambiental pri- mordial, a partir de nuances das resistências múltiplas contra a necropolítica, que em tempos contemporâneos se vincula de forma orgânica e indissociável ao neoliberalismo. A resolução da questão ambiental, conjugada com a di- mensão social e ética, requer o abandono de uma política e uma economia que mate e que exproprie; ao contrário, requer que salve as vidas, faça renascer a esperança equitativa, especialmente nesse contexto pandêmico. A educação em sustentabilidade alicerça e provoca discernimento nas maneiras de ver, sentir, compreender, amar e agir comprometidas com as 2 Disponível em https://issuu.com/_ihu/docs/037cadernosihu
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