Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
João Batista Storck 74 comunidade local e, posteriormente, em redes mais amplas de solidariedade, promovendo a abordagem colaborativa e crítica das realidades socioambien- tais e uma compreensão autônoma e criativa dos problemas que se apresen- tam e das soluções possíveis para eles. As sociedades humanas necessitam de uma “Pedagogia da Terra”, uma pedagogia apropriada para esse momento de reconstrução paradigmática, apropriada à cultura da sustentabilidade e da paz. Ela vem se constituin- do gradativamente, beneficiando-se de muitas reflexões que ocorreram nas últimas décadas, principalmente no interior do movimento ecológico. Ela se fundamenta num paradigma filosófico (Paulo Freire, Leonardo Boff, Se- bastião Salgado, Boaventura de Sousa Santos, Milton Santos) emergente na educação que propõe um conjunto de saberes/valores interdependentes. Entre eles podemos destacar: • Educar para pensar. Na era da informação, diante da velocidade com que o conhecimento é produzido e envelhece, não adianta acumular informações. É preciso saber pensar. E pensar a realida- de. Não pensar pensamentos já pensados. Daí a necessidade de re- colocarmos o tema do conhecimento, do saber aprender, do saber conhecer, das metodologias, da organização do trabalho na escola. • Educar os sentimentos. O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Educar para sentir e ter sen- tido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido em cada ins- tante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não ape- nas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção. • Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial. Nosso destino comum no planeta é compartilhar a vida com to- dos. Nossa identidade é ao mesmo tempo individual e cósmica. Educar para conquistar um vínculo amoroso com a Terra, não para explorá-la, mas para amá-la. • Formar para a consciência planetária. Compreender que somos interdependentes. A Terra é uma só nação e nós, os terráqueos, os seus cidadãos. Em nenhum lugar na Terra deveríamos nos consi- derar estrangeiros. • Formar para a compreensão. Formar para a ética do gênero hu- mano, não para a ética instrumental e utilitária do mercado. Edu- car para comunicar-se. Não comunicar para explorar, para tirar proveito do outro, mas para compreendê-lo melhor. A Pedagogia
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