Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
João Batista Storck 72 quadro que acontece uma “ecologia humana” que convida o homem a aco- lher e cuidar de seu próprio corpo como um dom recebido de Deus, assim como o conjunto da Criação (LS, 155). Um convite também a aceitar ale- gremente o dom específico do outro, homem ou mulher, em sua alteridade e cuidar do bem comum (LS, 156-158). O Papa tem, portanto, um olhar de esperança que nos quer contagiar para despertar do sonho da esperança, ao afirmar: nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de degradar- -se até o extremo também podem sobrepor-se, voltar a optar pelo bem e regenerar-se, para além de todos os condicionamentos mentais e sociais que lhes imponham. 5. A ecopedagogia: educar na perspectiva da ecologia integral O Papa fala de esperança e indica alguns meios para estar do lado dos que, movidos pela esperança e dignidade humana, não se deixam abater e caminham na direção da conversão. O meio principal para isso é a educação. Uma boa educação familiar e escolar que coloquem sementes que podem produzir efeitos ao longo de toda a vida. Uma educação que cultive hábitos de amor e de cuidado com a vida, que aprenda a valorizar os demais. Uma educação que vá construindo uma cultura da vida compartilhada e do res- peito ao que nos rodeia, que nos ajude a “prestar atenção a beleza e amá-la” (LS, 213), a “deter-se para perceber e valorizar o belo” (LS, 215). Nesta perspectiva, a educação ambiental, surge como um possível ca- minho para promover mudanças. Para Loureiro (2012, p. 82-83), nos anos 80 houve a necessidade de repensar a “questão ambiental” por grupos am- bientalistas mais críticos, ou chamados de socioambientalistas, que “denun- ciaram as causas sociais dos problemas ambientais”. Isso aconteceu devido “a crescente degradação dos ecossistemas, a perda da biodiversidade, a repro- dução das desigualdades de classe e a destruição de culturas tradicionais”. Layrargues (2006, p. 8), afirma que a educação ambiental “possui rela- ções não apenas com a mudança cultural, mas também com a mudança so- cial, sobretudo em sociedades acentuadamente desiguais [...].” Nesta mesma linha, Tozoni-Reis (2006, p. 96) observa que “vivemos numa sociedade eco- logicamente desequilibrada e socialmente desigual, resultado das escolhas históricas que fizemos para nos relacionarmos com o ambiente”. No dizer de Maia (2015, p. 285): “Para resolver essa problemática é preciso ampliar o
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