Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2

A concepção inaciana de formação integral enquanto possibilidade de educar na perspectiva... 69 e incorporação, já que o projeto reducionista normalmente falha. Daí a ne- cessidade de uma abordagem integral. Em resumo, existem inúmeras abordagens que podem ser incluídas na perspectiva ecológica: abordagens filosóficas, espirituais, religiosas, sociais, políticas, culturais, comportamentais, científicas e psicológicas. Cada uma trabalha um componente essencial, mas muitas vezes perma- nece em silêncio em relação a outras dimensões importantes. Para superar essa fragmentação que pode surgir, a ecologia integral busca uma manei- ra de unir todas as abordagens, uma ecologia que honra não apenas a ecologia de sistemas e comportamentos, mas também inclui os aspectos culturais e subjetivos. É necessário integrar as realidades objetivas com as realidades subjetivas (por exemplo, psicologia, arte, fenomenologia) e intersubjetivas (por exemplo, religião, ética e cultura). Com efeito, a eco- logia integral une a consciência, a cultura, a ciência e a natureza a serviço da sustentabilidade. Ela permite uma compreensão abrangente de como as muitas abordagens disponíveis, ecológicas ou não, podem ser unidas para informar e se complementar (ESBJÖRN-HARGENS, 2009). 4. Ecologia Integral na Laudato Si’ A problemática do meio ambiente, abordada pelo papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si’ , mostra que este é um tema que não se pode re- solver de maneira superficial, sem tocar no âmbito mais profundo da pessoa. Não se pode confiar que a técnica solucione tudo ou que a as gerações se- guintes herdem um mundo por nós deixado degradado e empobrecido. Isso é apenas um paliativo para os sintomas, que não toca a raiz do problema. Por isso, o Papa estabelece uma meta ambiciosa: não se trata de soluções téc- nicas, mas de mudar o ser humano. Mas, para onde aponta esta mudança? Primeiramente para a mudança de enfoque na relação conosco mes- mo, com os demais e com o mundo. Trata-se de passar da avidez do con- sumo para o sacrifício da generosidade com uma ascese de aprender a dar. Trata-se de uma revolução interior, de um giro copernicano do coração: o centro não sou eu, com minhas ânsias de ter e de comprar, de acumular, mas sim os outros, e não ver tanto o que posso receber deles, mas o que posso oferecer. O Papa constata que os desequilíbrios atuais têm a ver com a orien- tação, os fins, o sentido e o contexto social do crescimento tecnológico e

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