Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
João Batista Storck 68 diferentes. Cada um desses campos tenta capturar algo não incluso nas ou- tras abordagens, e cada área do conhecimento parece ter um campo corres- pondente em ecologia. Porém, essa divisão resulta numa visão fragmentada da ecologia. Hoje em dia existe uma enorme diversidade de visões de ecolo- gia e meio ambiente, com dezenas de perspectivas distintas sobre o mundo natural – e com pesquisadores, economistas, psicólogos e outros muitas ve- zes assumindo posições completamente diferentes sobre os assuntos. Posto isso, surge então a pergunta: Como seria possível chegarmos a um acordo para resolver os problemas ambientais de nosso século? Entendemos ser necessária uma estrutura que ajude a conectar todas essas abordagens de uma maneira prática, mas que ao mesmo tempo respei- te cada visão única. A ecologia integral busca fornecer essa estrutura, uma maneira de integrar múltiplas abordagens de ecologia e estudos ambientais de uma maneira transdisciplinar do mundo natural e nossa atuação dentro dele. Ela une e enriquece mutuamente o conhecimento gerado por dife- rentes disciplinas e abordagens, sempre focando na conservação do meio ambiente. Para entendermos a Ecologia integral, portanto, precisamos enxergar os princípios ecológicos em todos os tipos de relação – entre homem e so- ciedade, homem e natureza, e até a relação do homem consigo mesmo e sua visão de mundo. Sob essa perspectiva, onde qualquer aspecto de nossa vida pode ser colocado sob um ponto de vista ecológico, onde se percebe que tudo é, em maior ou menor escala, uma rede de interações que conecta todas as coisas, nossa forma de agir e de viver não está separada do meio ambiente. Como exemplo, além de estudar as consequências ecossistêmicas das emissões tóxicas, a ecologia integral também se preocupa em examinar as diversas estruturas sociais, econômicas e políticas envolvidas na produção e liberação dessas emissões. Ao afirmar a importância de cada uma dessas perspectivas, a ecologia integral busca minimizar visões reducionistas. Por exemplo, evita a redução de dimensões psicológicas e culturais em compor- tamentos simplesmente objetivos. As perspectivas subjetivas e intersubjeti- vas – incluindo crenças, dimensões psicológicas, valores, cultura, tradições religiosas, etc. – devem ser incluídas na caracterização de problemas ambien- tais. Em outras palavras, quanto mais realidade reconhecemos e incluímos, mais sustentáveis serão nossas soluções, exatamente porque elas buscarão responder à complexidade dessa realidade. Não podemos excluir grandes dimensões da realidade e esperar resultados abrangentes e sustentáveis. Eventualmente, as realidades que foram excluídas exigirão reconhecimento
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