Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Marilia Verissimo Veronese 52 nitiva, contrapondo-se ao imperialismo epistemológico, sob a égide do qual se produz a hierarquização e exclusão de saberes, grupos e comunidades (MENESES, 2009). Muitas vozes se levantam contra a injustiça cognitiva, parte da injusti- ça social como um todo. Uma voz importante é a do papa Francisco, segun- do o qual é necessário “revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que permitam isolar- -nos e, por isso mesmo, também não há espaço para a globalização da indiferença”. Além disso, “[...] não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres” (LS, 49). A diversidade de culturas existentes no mundo, explica-nos Leonar- do Boff, revela a multiplicidade de éticas que envolvem distintos modos de construir o bem-viver e o bem comum. O desejável seria a complemen- taridade dessas diferenças culturais, a convivência plural dessas diferentes éticas, ou políticas de existência. De um lado, existe uma biodiversidade que abriga as diferenças de culturas e de éticas que demonstram que “po- demos ser humanos e éticos de muitas formas diferentes, como na nature- za a diversidade dos ecossistemas constitui a beleza das diferenças” (BOFF, 2017, p. 51-53). Portanto, uma ecologia de saberes e de reconhecimentos pauta-se na perspectiva de defesa das diferentes formas de ser e estar no mundo, ou seja, nas diferentes subjetividades humanas em interação. Ao olhar para os dados e reinterpretá-los para compartilhar os resultados da pesquisa, fizemos uma relação com um paradigma que tem sido bastante discutido no campo da economia solidária: a economia de Francisco e Clara. Comentarei tal relação na seção seguinte, que conclui (provisoria- mente) este texto. 4. Considerações finais A economia solidária como parceira das políticas públicas humani- zadas de saúde mental, ao proporcionar um contexto não somente de in- clusão social, mas também de divulgação dos bons resultados da inserção dos usuários do sistema de saúde no mundo do trabalho, mostram como o
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