Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Marilia Verissimo Veronese 48 Figura 1 – Venda de produtos em feiras: Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora. Além disso, fica clara a importância da atividade artística e econômica na vida dos usuários da rede de atenção à saúde mental. Alguns trabalham com economia solidária já há mais de dez anos, complementando a renda e aprendendo novos ofícios, além de manterem relações de trabalho, afeto e entreajuda com outros usuários, técnicos da rede e comunidade de entor- no (clientes, visitantes, etc.). Ampliam sua rede de contatos, socializam-se, frequentam espaços de arte como galerias, centros culturais e museus – nor- malmente restritos a um público de classe média –, deslocam-se pela cidade e, desse modo, se aproximam muito daquilo que o senso comum chama de “vida normal”, e que por tanto tempo lhes foi negada. Nessas últimas imagens, a seguir, pode-se ver que os processos comu- nicativos que se produzem nesses encontros são prática de ecologia dos sa- beres e potencial ativação da justiça cognitiva. Ao trocar informações e co- nhecimento, ao se tornarem agentes de divulgação do seu trabalho, talento e modo de vida, os sujeitos passam a ser reconhecidos e admirados pelo que fazem e pelo que são. De certa forma, essa troca também produz uma cons- telação de saberes diversa, de todos os falantes envolvidos, permitindo que seu conhecimento circule em pé de igualdade em uma esfera pública plural, acionando a justiça cognitiva.
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