Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
A ecologia dos saberes na cidade: justiça cognitiva e práticas de cuidado em liberdade 45 Importante ainda mencionar o Programa Nacional de Apoio ao As- sociativismo e Cooperativismo Social (Pronacoop Social), implementado pelo Decreto nº 8.163/2013, cujos princípios envolvem: a participação e inclusão de pessoas em desvantagem, em situação de vulnerabilidade, na sociedade; o respeito à diferença como parte da diversidade humana; e a geração de trabalho e renda a partir da organização do trabalho com foco na autonomia e autogestão (MAFFIOLETI; SATO, 2020). Segundo a Rede de Saúde Mental e Economia Solidária, que se for- mou com a união das políticas, Quando os coletivos ligados à saúde mental (técnicos, usuários, fami- liares, militantes, etc.) decidem construir unidades produtivas guiadas por tais princípios é porque buscam meios de organizar a capacidade de produzir e gerar renda para garantir os direitos de cidadão, sem, contu- do, reduzir essa capacidade ao que o capitalismo diz: que somos simples mercadorias. E aí é que talvez resida a ousadia desses coletivos: construir lugares que possam comportar os corpos, ideias, desejos, habilidades, gostos e sonhos, numa trama que diversifica lugares e condições, de modo a fazer caber as diferenças e singularidades (REDE DE SAÚDE MENTAL E ECONOMIA SOLIDÁRIA, [2009]). Comentando as experiências de trabalho associado na reabilitação psi- cossocial, menciona Costa (2005, p. 8): Quem trabalha no campo da saúde mental sabe da importância das cooperativas, das oficinas de geração de renda e trabalho e das associa- ções que colaboram para a venda das obras de arte produzidas nos Caps, para o bem-estar, autoestima e efetiva inclusão social dos usuários. Mas ainda são experiências frágeis e de pequena sustentabilidade. Aponta, na mesma obra, Paul Singer (2005, p. 12): “a economia soli- dária e o movimento antimanicomial nascem da mesma matriz – a luta con- tra a exclusão social e econômica. Uns são excluídos (e trancafiados) porque são loucos, outros porque são pobres.” As experiências têm sido avaliadas pela sustentabilidade financeira, pela capacidade de gerarem renda para os usuários, de lhes conduzirem à autonomia. Mas existem múltiplas dimen- sões através das quais podem ser compreendidas, para além desse aspecto, considerando que a promoção de autonomia para os usuários, nas condições sociais e institucionais que temos, será relativa e a renda gerada, possivel- mente modesta. A pesquisa empírica, que descreveremos na próxima seção,
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