Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Ecologia Integral, justiça socioambiental e bem viver 197 posta global poderá dar conta da complexa crise que a tendência mostra se aproximar. Buscando esta resposta é que se apresenta o conceito de Ecosofia: As formações políticas e as inst â ncias executivas parecem totalmente incapazes de apreender essa problemática no conjunto de suas impli- cações. Apesar de estarem começando a tomar uma consciência parcial dos perigos mais evidentes que ameaçam o meio ambiente natural de nossas sociedades, elas geralmente se contentam em abordar o cam- po dos danos industriais e, ainda assim, unicamente numa perspectiva tecnocrática, ao passo que só uma articulação ético-politica — a que chamo Ecosofia — entre os três registros ecológicos (o do meio ambien- te, o das relações sociais e o da subjetividade humana) e que poderia esclarecer convenientemente tais questões. A Ecosofia Social consistira, portanto, em desenvolver práticas espe- cíficas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser no seio do casal, da família, do contexto urbano, do trabalho, etc. A Ecosofia Mental, por sua vez, será levada a reinventar a relação do sujeito com o corpo, com o tempo que passa, com os mistérios da vida e da morte. Por fim, é na ruptura epistemológica no âmbito mental e social que o autor entende ser possível observar as fendas também para uma Ecosofia Ambiental que será, em última análise, necessariamente consequência da transformação prévia das duas anteriores. Chama muito a atenção como as três ecologias propostas por Gua- tarri, compondo uma Ecosofia, dialogam intimamente com as perspecti- vas de conversão, expressas ao longo da Laudato Si’ , e unem-se de fato ao manancial de posições que clamam uma transição paradigmática pautada, sobretudo, nos princípios sistêmico, multidisciplinar, transcendental, trans- geracional, ético e criticamente contextualizado. 5. Considerações Ao longo deste texto objetivamos detalhar a ecologia integral, descre- vendo alguns princípios, algumas dimensões e alguns vetores transversais que aprendemos coletivamente ao longo destes últimos cinco anos mediante intensas trocas de saberes com representantes do mundo acadêmico, dos movimentos sociais e das populações tradicionais, no Brasil e na América Latina.
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