Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Luiz Felipe Lacerda 194 contra as consequências degradantes do sistema capitalista imperialista em seus países. Apesar disso, é importante termos clareza que se trata de uma ideia plural e, portanto, assume tantas versões quanto os números possíveis de territórios por onde possa se manifestar, limitando algumas tendências de generalização que se pretendem universais. El Buen Vivir expresa una formulación que podría decirse que es mix- ta, ya que resulta de una articulación entre algunos aportes de ciertos saberes indígenas como de otros que provienen desde corrientes críticas dentro de la modernidad occidental. Ese aporte de los saberes indígenas es determinante; sin ellos no pueden entenderse las posturas originales del Buen Vivir. Pero el Buen Vivir no es un sinónimo de una cultura indígena específica ni defiende un regreso al pasado andino precolonial. Tampoco puede ser reducido a conceptos occidentales como calidad de vida o bienestar ni a la filosofía griega (GUDYNAS, 2016, p. 15). No Bem Viver encontramos uma relativização total da ideia ociden- tal de progresso, transfigurada agora para a ideia de harmonia, equilíbrio e abundância transgeracional. Encontramos também uma reversão total da perspectiva da natureza enquanto recurso em direção à ideia de Mãe Terra ( Pachamama ) e uma oposição frente à monocultura do pensar, em prol de uma diversidade de saberes. Bem Viver contesta também a perspectiva histórica linear entendendo que existem múltiplas histórias com distintas linearidades e temporalidades que, por sua vez, apontam perspectivas contrárias ao dualismo entre pessoa e natureza, ou corpo e espírito, imprimindo uma perspectiva sistêmica com- plementar a estas dinâmicas. Neste universo existe ainda uma objetividade declarada para o avanço da compreensão jurídica da Natureza enquanto sujeito de direitos e de planeta Terra como ser vivo, dotado de um metabo- lismo particular. Evidentemente que no âmbito político e estrutural a ideia de Bem Viver enfrentou grandes desafios, mesmo nos contextos equatorianos e bolivianos. Quem desejar aprofundar sua compreensão sobre estes desa- fios específicos pode recorrer a Gudynas (2016), pois ele oferta um deta- lhamento prodigioso de acontecimentos e disputas neste âmbito. Caberia apenas assinalar que estes desafios surgem principalmente porque o Bem Viver apresenta movimento explicitamente contrário à exploração de re- cursos naturais, que, por sua vez, é a base da balança comercial destes países exportadores de matérias-primas. Além disso, o conceito enfrenta resistência
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