Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2

A participação social como fator determinante para o reconhecimento dos Direitos da Natureza 165 dessa nova visão de mundo, quais sejam: interdependência, completude e harmonização. 2.2. Interdependência, complementaridade e harmonização Leonardo Boff chama a atenção, em sua análise sobre a Ecologia, para duas questões de significativo sentido em nosso debate. Para ele, devemos, em primeiro lugar, buscar a superação do paradigma antropocêntrico – de- senvolvimento econômico ilimitado – com forte influência em nossa cultura ocidental. Sua essência é a crença de que o ser humano é o centro de tudo e afirma “que todas as criaturas estão à mercê dos seres humanos, homens e mulheres, para serem usadas, dominadas e, eventualmente, exploradas” (BOFF, 2008, p. 109). Continuando a reflexão sobre o mesmo paradigma, o autor acres- centa que entre o ser humano e a natureza perdura uma guerra sem descanso. O equilíbrio entre desenvolvimento e ecologia significa, na verdade apenas uma trégua. A lógica destruidora embutida no processo de desenvolvi- mento quantitativo não cessa, apenas ganha redefinições. A trégua é para a natureza se recuperar [...] e, em seguida, ser novamente vítima da voracidade desenvolvimen- tista” (BOFF, 2008, p. 41). Assim, fica evidente uma falsa ideia de desenvolvimento que se apre- senta como defensor da natureza, não destruidor dos bens naturais. O desa- fio, então, é transformar a guerra em convivência harmônica cuja condição está no reconhecimento da natureza e da humanidade irmãs, filhas da Mãe Terra, a casa comum . O peso dessa compreensão, no passado recente, justificou práticas as- sustadoras de violência contra a própria natureza e, na mesma proporção, elevou o crescimento econômico ao patamar máximo, a ponto de desconsi- derar os “custos ecológicos, tais como a quebra dos ecossistemas, a poluição da biosfera, a pilhagem dos recursos naturais não-renováveis [...]. Esse mo- delo de agressão à natureza foi desdobrado em agressão a povos mais débeis e a culturas milenarmente mais fracas” (BOFF, 2008, p. 109). Prova disso é a ocupação do território brasileiro pelos brancos que não se detiveram em massacrar a natureza e os povos originários, os indígenas.

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