Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Introdução 15 procidade complexa, em cuja lógica a alteridade se inscreve como prioritária na qual se preza ouvir a voz do outro e contemplar a sua beleza” . Tomando como uma das referências as provocações do papa Francisco, o autor retoma e reafirma a pertinência de uma reflexão desafiadora, envolvendo a proposta da educação em justiça socioambiental. Isto sobretudo porque a crise eco- lógica possui uma raiz humana e decorre de um processo deliberativo. Em seus movimentos reflexivos finais o capítulo traz interessantes provocações referentes às bases para uma ecologia integral e o reconhecimento da refle- xividade e da complexidade. Finaliza com uma chamada para a educação para a aliança entre a humanidade e o meio ambiente. Neste sentido, a rigor, a educação em justiça socioambiental passa por dentro do compromisso ecológico e do compromisso com a justiça social. Trata-se de uma educação para a ecologia integral. O título na sequência, “Ecologia integral à luz da justiça ambiental e da justiça anamnética” , com texto escrito em espanhol, é um registro de alta atualidade e complexidade, dando continuidade na “mesa de diálogo” que quer ser este livro. É um registro que vem da filosofia, com Oscar Martín e Castor Bartolomé Ruíz fazendo análise reflexiva dos nexos que vinculam e atravessam a ecologia e a justiça. Os autores estão focados especificamente na proposta do diálogo com o conceito de ecologia integral, como apresen- tado na carta encíclica Laudato Si’ , do papa Francisco. Trata-se do quinto capítulo que traz a contribuição específica de aprofundar o debate sobre as injustiças ambientais. Frente à realidade impactante das injustiças, em suas mais variadas formas, o caminho de enfrentamento está em fazer jus- tiça, sendo justo com as vítimas da injustiça, ou seja, com os injustiçados. Assim, ao falar em injustiças ambientais, devemos estar atentos às vítimas dessas injustiças. Segundo os autores, “o conceito de justiça ambiental é cada vez mais usado como chave para analisar a relação entre etnia, classe social e riscos do meio ambiente, para o estudo das forças sociais cuja ação promove as desigualdades ambientais, para analisar a trajetória histórica das injustiças no meio ambiente, particularmente nos contextos geográficos, no crescimento das desigualdades ambientais e o racismo, especialmente nos países do sul” . Os auto- res, entre outros aspectos, dão atenção central à questão do reconhecimento e da memória, sublinhando que a centralidade das vítimas é a “chave para esboçar um conceito de justiça, pois estas são o centro, são o sentido da justiça” . Outro registro filosófico interessante nesta publicação nos é trazido por Josenir Lopes Dettoni, com o título “Filosofia Ecológica Integral: noções introdutórias a partir da leitura da Encíclica Laudato Si’”. É o texto que com-
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