Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 2
Filosofia Ecológica Integral: noções introdutórias a partir da leitura da Encíclica Laudato Si’ 139 plinar. “Uma ciência, que pretenda oferecer soluções para os grandes pro- blemas, deveria necessariamente ter em conta tudo o que o conhecimento gerou nas outras áreas do saber, incluindo a filosofia e a ética social” (LS ,110). Esse reto diálogo interdisciplinar supõe clareza sobre as características, aportes possíveis e limitações de cada tipo de conhecimento. Com efeito, “sobre muitas questões concretas, a Igreja não tem motivo para propor uma palavra definitiva e entende que deve escutar e promover o debate honesto entre os cientistas, respeitando a diversidade de opiniões” (LS, 61). Podemos, portanto, falar em uma aproximação entre Teologia e Ciên- cias Naturais para o desenvolvimento de uma Cultura Ecológica Integral. “[...] A ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas” (LS, 62). Veja- mos aspectos de como isso pode se dar a seguir. 3.6. Filosofia da Religião Em uma conjuntura de secularização no campo teórico e na vida pú- blica, somos convidados a repensar a possibilidade de uma positiva relação de complementariedade entre religiosidade e filosofia. Nesse movimento de articulação entre ambas, entendemos que inclusive o filósofo secular pode avançar ao compreender o relevante papel que a religiosidade possui em âmbito social para fazer frente aos desafios com que a humanidade terá que lidar no futuro. Em outros termos, a instauração de uma visão de sacralidade da natureza poderia auxiliar grande parte da população a estabelecer uma relação mais sadia com o meio ambiente. Por conseguinte, uma filosofia que se dispusesse a lidar responsavelmente com o futuro ambiental poderia se enriquecer ao estabelecer um diálogo com o campo da religiosidade sobre a matéria (DETTONI, 2017). A esse respeito, é visível, por exemplo, a relevância do atual embate entre posições teológicas cristãs divergentes acerca de qual deveria ser nos- sa relação com o ambiente. Desde uma perspectiva sociocultural, interessa observarmos que, por um lado, cresce em expressão e impacto político uma certa teologia da prosperidade, que acaba por estimular a financeirização das relações, inclusive da nossa com o meio ambiente. Em sentido diverso, observamos também outra teologia, de perspectiva amorosa; mais especifi- camente, de amor a Deus, a si mesmo, aos irmãos (mesmo aos das próximas gerações – amor intergeracional) e a toda a criação. Uma abordagem religio-
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