Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Racismo Ambiental, Ecologia Integral e Casa Comum:... 97 de controle se refere à resistência exercida pelas mulheres negras com rela- ção a isto. A intelectual Winnie Bueno (2019) aponta uma possibilidade desafiadora: A forma com que imagens de controle operam nas vidas de mulheres negras perpassa por um violento silenciamento que cala uma voz que outrora refletia a primavera. Ao silenciar uma mulher negra, silencia-se a primavera (BUENO, 2019, p. 40). Importante salientar, neste aspecto, que apesar de Collins (2016) cunhar o termo imagens de controle, muito do que ela discute com relação a isso pode ser complementado pelo que a filósofa Sueli Carneiro (2005) desenvolveu a respeito do “epistemicídio” ao qual sujeitos negros são sub- metidos, assim como também é elucidado pela socióloga Lélia Gonzalez que já abordava questões similares com relação às mulheres negras, em suas relevantes produções para a sociologia brasileira. Compreendemos, deste modo, que o recurso analítico da história de Sarah Baartman para identificar a possível definição das mulheres negras na perspectiva branca pode ser ampliado pelo entendimento do contexto social brasileiro, o qual, por um viés tradicional, tem se constituído a partir da obra “Casa Grande e Senzala” do intelectual e educador Gilberto Freyre. Passamos então a discutir como os pressupostos do conceito de casa comum , amparado na ecologia integral, são de crítica radical, contraposição e sinali- zação de transformação e superação. “Casa Grande e Senzala” e “Casa Comum” Independente dos aportes teóricos que se adote nas ciências humanas, tornam-se inegáveis as contribuições advindas do livro “Casa Grande e Sen- zala” do sociólogo Gilberto Freyre (1933), obra que, mesmo passado oitenta e sete anos da primeira publicação, permanece com contribuições passíveis de grande força simbólica quando hoje nos colocamos a reflexão sobre a “ casa comum ”. O autor pensava em um projeto de nação, e para tal, se preocupava em qual seria a autodefinição dos brasileiros como sociedade, sobretudo, a elite para qual Freyre escrevia, considerados os sujeitos que eram deter- minantes na visão romantizada. A permanência dos ideais do pensamento de Freyre, parece dar continuidade nas reproduções antropológicas e, tam-

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