Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Ecologia Integral: nova racionalidade ambiental fundada na justiça socioambiental 71 A partir da encíclica Laudato Si’ , do papa Francisco, temos outro para- digma que revoluciona tudo isso: é o paradigma da ecologia integral, que nos dá inspiração para um novo conceito de Justiça Socioambien- tal, no qual a justiça social e a justiça ambiental andam juntas, integra- das. Não temos condições de fazer uma verdadeira justiça ambiental sem um profundo engajamento pela justiça social. Dessa forma, fomos gerando, aos poucos, o conceito de Justiça Socioambiental (FOLL- MANN, 2018). E, na sequência, o autor explicita mais amplamente este conceito de justiça socioambiental: Estamos fazendo, ao mesmo tempo, um trabalho de profundo reco- nhecimento da dignidade da pessoa, assumindo um compromisso com boas políticas públicas, políticas sociais, políticas de acesso a tudo que uma pessoa na sociedade tem direito e (...) estimulando um conjunto de políticas de cuidado com os bens da criação. São essas três dimen- sões que constituem o conceito de Justiça Socioambiental: o cuidado com a natureza, o cuidado com a sociedade e o cuidado com as pessoas (FOLLMANN, 2018). Partindo do pensamento do papa Francisco, a perspectiva adotada por Follmann, de justiça socioambiental, é um ideal que se relaciona com a bus- ca de alternativas aos modelos exploratórios, devastadores e reprodutores de exclusões e de desigualdades sociais ora presentes. Não é apenas uma crítica ao modelo atual, mas uma propositura de caminhos relacionados com as três dimensões apontadas (FOLLMANN, 2019). Uma nova racionalidade ambiental e social, referenciada pela justiça socioambiental, nasce no questionamento frontal dessa cultura e civilização global, no que diz respeito ao significado da vida humana, à identidade do ser humano, sua inserção na natureza e no universo, no seu modo de se estruturar em sociedade e de ser no mundo. Portanto, não há solução com um sistema que tenha como critério de desenvolvimento o crescimento eco- nômico, da maneira que é realizado atualmente, ou seja, como infinito, logo insustentável e denunciado desde 1972 nas reuniões de Estocolmo (ONU, 1972). A solução será encontrada em uma inversão da relação entre o sis- tema e o mundo da vida, em uma nova relação entre o humano, cultura e natureza. Não será o sistema a colonizar o mundo da vida, mas o contrário. É um novo conceito de razão, muito além do instrumental, operativo, ma- nipulador dos fenômenos, criticado por Norbert Elias (1993). Desafio da

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