Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecologia Integral: nova racionalidade ambiental fundada na justiça socioambiental 67 Um ponto importante é o modelo de desenvolvimento proposto por esse campo. Se pegarmos a noção de desenvolvimento sustentável, na grande maioria dos autores, o fundamentam em três pilares: econômico, social e ambiental. Esta é a concepção mais comum. Porém essa concepção é ques- tionada, pois ela se esquece de várias dimensões do mundo da vida, como a cultura, a religião, a educação etc. A Laudato Si’ (LS, 13) já apresenta a noção de desenvolvimento sustentável, agregando o adjetivo integral , dada a força do que ela compreende como ecologia integral . Se concebermos um conceito de justiça socioambiental coerente com o paradigma da ecologia integral, como é a nossa orientação, podemos definir o campo de sustenta- bilidade, em sentido mais amplo, como participando do campo da justiça socioambiental. Seria um subcampo da justiça socioambiental. A participação religiosa, no caso de direção da Igreja Católica, na dis- cussão sobre o modelo de sustentabilidade é que ratifica a elasticidade e ho- mogeneidade do próprio campo da sustentabilidade, no qual vários atores, em diferentes movimentos e processos sociais, atuam. Nascimento (2001), quando fala em uma das dimensões do campo que são os conflitos, diz que os atores se posicionam de cinco maneiras: promoção, apoio, neutralidade, oposição, veto. Isso depende variavelmente da motivação e significado, ou seja, do capital social e do capital simbólico em jogo. Levando em consideração o pano de fundo da proposta de entendi- mento dos processos sociais sob a perspectiva da motivação e o significado da ação social, percebe-se que os atores buscam a compreensão dos processos sociais com base na perspectiva específica de sua organização. Ou seja, a partir de uma lógica funcional que constitui a base da ação dos atores sociais inseridos nas estruturas sociais específicas, os campos. Como mencionado acima, no caso desta reflexão, essa inserção ocorre no contexto do campo da sustentabilidade, no qual há o desenvolvimento de uma nova racionalidade, no impulso gerado por um conjunto de atores sociais, os que participam desse campo pela preocupação com o futuro da casa comum . Ampliando a problemática Se nos colocamos dentro dos parâmetros da racionalidade ambiental, fica evidente que o avanço do sistema capitalista nos moldes atuais agrava e aprofunda o sério problema da destruição da natureza, que, como resultado, produzirá inexoravelmente o colapso da humanidade (MARQUES, 2015),
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