Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecologia Integral: nova racionalidade ambiental fundada na justiça socioambiental 65 capital simbólico (BOURDIEU, 1989). O que existe em comum, que algo incomum, para usarmos um trocadilho, é o diálogo acerca da construção do futuro do planeta. Como fala a Laudato Si’ (FRANCISCO, 2015, 14) 4 : “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar”. Esse é o chamamento que o papa Francisco faz a toda a humanidade e que está inerente ao grande debate do campo da sustentabilidade. Nas ciências ambientais, a categoria campo é muito utilizada e sua construção teórica mais pertinente provém da sociologia de Pierre Bour- dieu. Trata-se de um filósofo e sociólogo francês que fez uma revolução na sociologia moderna e que aporta ao mundo da ciência uma noção importan- te de inter-relações entre atores que dão um valioso suporte à compreensão deste campo que é denominado campo da sustentabilidade . A obra de Bour- dieu é valiosa para entender a sustentabilidade como um campo . O conceito de campo nos ajuda a entender as ciências ambientais também como fazendo parte do campo científico. Já o conceito de sustentabilidade emerge da busca da nova racionalidade. A nova racionalidade que se constrói de dentro do embate do cam- po da sustentabilidade envolve a racionalidade ambiental, mas a ultrapassa com a chave de leitura da ecologia integral (FRANCISCO, 2015). Nesse campo, este paradigma encontra a possibilidade de compreensão e espaço de consolidação, precisamente porque tem como fundamento um princípio comum que, à nossa análise, é o da justiça socioambiental, construído não a partir da racionalidade ambiental, mas do paradigma da ecologia integral (FOLLMANN, 2019). Esse conceito se torna basilar neste campo da sus- tentabilidade, posto que as condições de possibilidades de pensá-lo estão dadas justamente pelas injustiças sociais e ambientais (socioambientais) já conhecidas decorrentes do sistema vigente e do outro lado pelo “fato de que a questão da sustentabilidade coloca no centro do debate interesses de natureza geral e não aqueles específicos de grupos ou classes sociais” (NAS- CIMENTO, 2012, p. 56). Segundo Bourdieu (1989), os campos são construídos a partir do po- der simbólico . Constituem-se em verdadeiros sistemas simbólicos , de conhe- cimento e comunicação. É esta a primeira síntese que o autor chega, para 4 O número nesta referência indica um parágrafo, a obra será referenciada de forma abreviada por “LS,”.
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