Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Sílvio Marques Sousa Santos e Therezinha de Jesus Pinto Fraxe 64 Da recente discussão sobre o ambiente e com o surgimento de pers- pectivas de desenvolvimento sustentável, decrescimento, sustentabilidade nasce o significado desse processo alternativo. Como afirma Leff: Essa teoria está legitimando um conjunto de direitos e valores que re- gulam o comportamento social, a mobilização de processos materiais e ações sociais para gerar novos estilos de vida em modelos alternativos de produção e consumo (LEFF, 2002, p. 123). Nesse sentido, a linha de aproximação ao paradigma da ecologia in- tegral segue uma ideia simples: a de que o significado básico dos processos sociais, como a crise civilizatória, como macrofenômeno, parece residir em sua lógica funcional, que é decisiva nas diferentes dimensões estruturais da sociedade: avaliativa, formal, instrumental e cultural. Em outras palavras, com base em eventos sociais como o movimento ambiental, parece haver uma racionalidade multidimensional e um determinante dinâmico da ação dos atores, seja no sentido teórico, como condição de pensamento, ou no sentido prático, como condição de comportamento. É assim que o conceito de racionalidade nos parece um recurso viável em uma análise, na medida em que pode possibilitar uma alternativa aos processos de inteligibilidade científica dos processos sociais, como se dá na noção de campo como tenta- remos ilustrar melhor na sequência. A noção de Campo da Sustentabilidade A civilização atual está diante de um grande paradoxo: ou segue as coordenadas postas pelo sistema, ou ajusta o azimute para outro paradigma. Girar ou não girar? Perguntas complexas chamam evidentemente respostas complexas. Uma dessas respostas está expressa no surgimento e no desenvol- vimento de um grande campo de disputas e diferentes narrativas, na con- temporaneidade, que é o campo da sustentabilidade. Nascimento (2012) faz a trajetória desse campo. É aqui que devemos entender qual é o cenário no qual contracenam os vários atores, quais são suas lutas, quais são suas contri- buições, quais são seus interesses, quais são seus pontos de partida, isto é, o Reconceituar, Reestruturar, Redistribuir, Relocalizar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Estes oito Rs são independentes, mas se reforçam mutuamente, são capazes de desencadear um processo de decrescimento sereno e sustentável para uma sociedade independente. O decrescimento é acres- cimento, não se pretende regredir, mas parar de crescer, porque a humanidade já atingiu certo grau de desenvolvimento insustentável (CARVALHO; RAMIRES, 2016, p. 546).

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