Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecologia Integral: nova racionalidade ambiental fundada na justiça socioambiental 63 A racionalidade ambiental deve ser entendida a partir da perspectiva do paradigma da ecologia integral. Essa assertiva entra no debate de uma forma nova, trazendo questionamentos radicais, frente à lógicas segmentares da ra- cionalidade moderna. Dá-se um grande confronto de lógicas. Não é possível, segundo Leff (2002), pensar em termos de medidas convergentes entre a lógica do capital e a lógica do ambiente . A direção da sistematização da racionalidade que guia os pensamentos e ações dos atores sociais dentro do campo da susten- tabilidade está muito próxima à ideia de um sistema ideacional proposto por Boff (2011), para designar essa dimensionalidade complexa da compreensão humana, que orienta e sistematiza o comportamento social. Esse é o principal uso do conceito de ecologia integral , enquanto nú- cleo que gera os significados básicos da ação socioambiental. É o que confere inteligibilidade e integridade funcional ao tecido social, na medida em que direciona o pensamento e o comportamento dos atores das diferentes estru- turas da sociedade para um determinado sentido de cuidado. Portanto, o uso do conceito ecologia integral como eixo central deste pensamento depende da hipótese adotada por Leff, que considera a possibilidade da inteligibilidade científica, nas inteligibilidades dos saberes, na interdisciplinaridade, no cuida- do como base para as formações sociais, na tentativa de compreender a lógica motivacional e individualmente significativa da ação social, que necessaria- mente devem convergir para as formações do paradigma ora proposto. A abordagem mais circunscrita de um tipo ideal de racionalidade am- biental proposta por Leff, diz que: Permitiria sistematizar os princípios materiais e os princípios axiológi- cos do discurso ambiental, organizando, assim, a constelação de argu- mentos que apoiam o conhecimento ambiental, além de permitir exa- minar a coerência e a eficácia de um conjunto de ações para o sucesso de seus objetivos (LEFF, 2002, p. 123). Na sua opinião, diante da crise ecológica que prevaleceu especialmente desde o último quarto do século XX, como aponta também Nascimento (2012), gerou um pensamento ambiental que elabora uma série de princí- pios morais e conceituais que sustentam teorias alternativas, como a propos- ta por Latouche (2009) do decrescimento 3 e a própria noção de sustentabili- dade , como base para a construção de uma racionalidade ambiental. 3 A partir do pensamento de Latouche (2009), Carvalho e Ramires sintetizam: “O decresci- mento é um projeto político que propõe que seja concretizado o círculo de oito Rs: Reavaliar,
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