Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Ecologia Integral: nova racionalidade ambiental fundada na justiça socioambiental 61 Francisco (2015) – é objetivo central da proposta deste texto. Partiremos de uma rápida incursão no que entendemos por racionalidade moderna para contrapor a ela a racionalidade ambiental, para, em seguida, delimitarmos o que se entende por campo de sustentabilidade. Feita essa primeira aborda- gem, ampliaremos nosso horizonte, sob o título “ampliando a problemática” com vistas a buscar novas conexões nisto que denominamos de campo da sustentabilidade. Racionalidade moderna X Racionalidade ambiental Antes de adentramos no tema específico da racionalidade ambiental, faz-se necessária a crítica da racionalidade moderna. Essa perspectiva sugere que o paradigma da ecologia integral, configurando-se como racionalidade alternativa, parece ir mais longe e em outra direção, pois implica, em pri- meiro lugar, o questionamento do padrão civilizacional da sociedade atual, propondo a construção de uma nova visão de mundo guiado por outros princípios de pensamento e comportamento, potencialmente, convergentes com a necessidade de construir relações homem / sociedade / natureza ba- seados no princípio da justiça. Nesse sentido, a busca pelos significados tam- bém precisa ser instalada como uma crítica da racionalidade econômica da modernidade, como afirma Marcuse (1997), quando critica a configuração da racionalidade tecnológica como um padrão civilizador, bem como numa configuração de uma crença inquestionável nas maravilhas do progresso tec- nológico e do desenvolvimento econômico. Portanto, a crise do modelo econômico vigente, gerada pelo excesso e pela falta, determina a necessidade de uma nova etapa da civilização. Precisa- mente por esse motivo, Touraine (1999, p. 99) descobriu que “a força liber- tadora da modernidade enfraquece à medida que obtém êxito”, porque há nela uma contradição nuclear. Consequentemente, o esgotamento do pro- jeto de modernidade, fortemente criticada por vários autores – Heidegger, Foucault, Bauman, Morin, Nascimento e Pena-Veja, Vaz, Libânio – está no cerne desta crise, que se torna angustiante, quando é guiada por critérios de razão instrumental e arrogante. Pode-se perguntar: como uma sociedade baseada na razão, como é a sociedade moderna, pode apresentar tantos processos contraditórios e algo tão profundamente irracional, como são as crenças no crescimento ilimitado e a grave degradação do meio ambiente? Para entender isso, é importante

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz