Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecosofia na Deep Ecology e a Ecologia Integral da Laudato Si’: convergência nas diferenças 43 O sexto princípio diz respeito à necessária alteração de políticas, de es- truturas econômicas, na tecnologia, bem como na forma de pensar e difun- dir as ideias (que eles denominam “ideologia”, em sentido neutro). A forma atual de implementar o crescimento econômico é incompatível com o flo- rescimento da vida humana e não humana na terra. A ideologia dominante tende a qualificar as coisas segundo seu valor de mercado, impele o amplo consumo e o consequente desperdício. A mudança exige outra postura, cen- trada em palavras como: “autodeterminação”, “comunidade local” e “pense globalmente, aja localmente”. Ao mesmo tempo, são necessárias ações cada vez mais globais, além das fronteiras dos países. Além disso, requerem-se tecnologias adequadas a cada contexto. Sobretudo “as tecnologias suaves, intermediárias e alternativas” (NAESS; SESSIONS, 1984, p. 10). Privilegiar a “qualidade de vida”, e não o aumento do padrão de exis- tência, é o núcleo do sétimo princípio. Apela-se a abandonar os critérios de sofisticação e crescente elevação do padrão de consumo e optar por outra forma de conceber a existência: “o florescimento humano”, o crescimento baseado em valores. Percebe-se que a ecosofia, enquanto visão ecocêntrica do mundo, atitu- de existencial e ética social, permeia a grande parte dos princípios da Plata- forma da Ecologia Profunda, embora o termo não seja explicitamente citado. 3. Ecologia profunda e alfabetização ecológica Os princípios da Ecologia profunda inspiraram o conhecido físico Fri- toj Capra a formular as grandes linhas da “Alfabetização Ecológica”. Na obra “A teia da vida” Capra considera a ecologia profunda com um novo paradig- ma acerca do ser humano e de sua relação com o planeta (CAPRA, 2003a). Em outro texto, ele afirma que as comunidades humanas sustentáveis serão moldadas de acordo com os ecossistemas naturais, ou seja, as comunidades sustentáveis de plantas, animais e microorganismos. E como a principal ca- racterística da biosfera é sua capacidade intrínseca de manter a vida, “uma comunidade humana sustentável deve ser planejada de modo que os estilos de vida, negócios, atividades econômicas, estruturas físicas e tecnologias não interfiram nessa capacidade da natureza de manter a vida” (CAPRA, 2003b, p. 20). A sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica: compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles.
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