Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecosofia na Deep Ecology e a Ecologia Integral da Laudato Si’: convergência nas diferenças 41 os componentes da biosfera, os seres abióticos (água, ar, solo, energia do sol) e os bióticos (microorganismos, plantas e animais). Então, ele propõe a ecosofia , uma sabedoria que vai além dos postulados científicos (mas não os despreza), pois inclui valores. Os princípios da Ecologia Profunda não são meramente teóricos. E sim, clara e vigorosamente normativos, pois impul- sionam atitudes individuais, ações coletivas, políticas econômicas e sociais. Para Naess, movimentos ecológicos consequentes são mais ecofilosóficos do que ecológicos . Enquanto a ecologia é uma ciência limitada que faz uso de métodos científicos, a filosofia é o fórum mais geral de debate sobre funda- mentos éticos. Não somente descreve sobre a realidade, mas também aponta a melhor maneira de agir. A ecosofia seria (..) uma filosofia de harmonia ou equilíbrio ecológico (..) abertamente normativa, que contém normas, regras, postulados, anúncios de priori- dade de valor e hipóteses sobre o estado das coisas em nosso universo. Sabedoria é sabedoria política, prescrição, não apenas descrição e previ- são científica (NAESS, 2007, p. 101). A ecologia profunda não somente mostra como funcionam as inte- rações na biosfera, como também indica o tipo de abordagem mais conve- niente para compreendê-las. Propõe ações a serem realizadas em favor da Terra. O cunho global, e não a precisão em detalhes, distingue a ecosofia. Hicham-Stéphane Afeissa, que reuniu vários artigos de Arne Naess após sua morte, sistematiza a ecologia profunda em quatro níveis: (1) A ecosofia propriamente dita, que comporta ideias e intuições filo- sóficas, metafísicas e religiosas; (2) A plataforma correspondente aos objetivos principais do Movi- mento Ecologia profunda; (3) A tradução prática, em termos de jurisdição ambiental em âmbito nacional e internacional; (4) As ações práticas locais (AFEISSA apud NAESS, 2017, p. 12). Para Naess, tratar da questão ecológica exige interdisciplinaridade e cooperação de vários setores da sociedade. Ele propõe articular e integrar os esforços de uma equipe que inclui cientistas de uma variedade enorme de disciplinas, humanistas e quem toma as decisões das políticas ambientais. A abordagem global é essencial, mas as diferenças regionais devem determinar amplamente as políticas ambientais em cada local. Em 1984 A. Naess e G. Sessions publicam os oito “Princípios básicos da Ecologia Profunda” (Basic Principles of Deep ecology), uma plataforma
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