Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Ecosofia na Deep Ecology e a Ecologia Integral da Laudato Si’: convergência nas diferenças 39 co; outras, de natureza político-econômica. Destacaremos aquelas que mais se relacionam com a ecosofia, ou seja, com uma nova visão de mundo, que integra o ser humano na comunidade de vida do planeta e rompe com a fragmentação dos saberes. São elas: 1) imagem relacional do ser humano e da natureza; 2) igualdade biosférica; 3) princípios de diversidade e de simbiose (cooperação); 4) complexidade, não complicação. Conforme Naess, a ecologia profunda não considera os seres de forma isolada. Os organismos estão constituídos como nós na rede da vida (bios- férica), no âmbito das relações que as constituem. Esse modelo de “campo total” extingue a visão equivocada de que o ser humano não faz parte do meio ambiente. A deep ecology cultiva respeito e reverência pelos diferentes modos e formas de vida. O “ecólogo de campo”, o ativista ambiental (não meramente um pesquisador) alcança uma compreensão a partir de dentro, que inclui todos os modos e formas de vida. Reconhece uma igualdade de direito de todos os seres bióticos a viver e florescer. Reduzir tal direito aos seres huma- nos seria um antropocentrismo nocivo. Tal relação de dominação contribui para a alienação do ser humano com respeito a si mesmo. A qualidade de vida dos humanos depende também do profundo prazer e satisfação que experimentamos ao compartilhar com outras formas de vida. No entanto, o princípio da igualdade biosférica não é absoluto, pois “qualquer práxis rea- lista necessita alguma morte, exploração e supressão” (NAESS, 2007, p. 98). A diversidade nos ecossistemas aumenta as potencialidades de sobre- vivência, as probabilidades de novos modos de vida e a riqueza de formas. No processo de evolução das espécies, seguem vivas as que coexistem e coo- peram em relacionamentos complexos. ‘Viva e deixe viver’ é o princípio ecológico mais poderoso do que ‘Você ou eu’. Ou seja, a cooperação é mais importante do que a competição. Atitudes ecologicamente inspiradas favo- recem a diversidade de modos de vida humanos, de culturas, de ocupações e de economias” (NAESS, 2007, p. 99). A teoria dos ecossistemas distingue o que é complicado, sem qualquer princípio unificador, e o que é complexo. Múltiplos fatores que interagem podem operar em conjunto para formar uma unidade, um sistema. Na biosfera, organismos, modos de vida e interações comportam um nível alto de complexidade, o que nos impele a pensar em termos de vastos sistemas inter-relacionados. Aplicado aos seres humanos, o princípio da complexi- dade impulsiona economias que integram uma variedade de meios de vida; combinações de atividades industriais e agrícolas, de trabalhos intelectuais
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