Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Ecologia integral: um novo paradigma 25 mico-social. O pressuposto de base de tal posição é que os limites da Terra coincidem com os limites do capitalismo neoliberal (BOFF, 2009, p. 42). No que tange à ecologia mental – também conhecida pelo nome de ecologia profunda ( Deep Ecology ) – afirma-se que a natureza é também inte- rior ao ser humano e que, portanto, se dá na mente sob a forma de energias psíquicas, símbolos, arquétipos, padrões de comportamento e mentalidades que exprimem atitudes de agressão ou de acolhimento e cuidado (BATE- SON, 1985; NAESS, 2017). Com o passar dos anos, porém, tem ficado cada vez mais claro que, para salvaguardar a amplitude do termo ecologia, necessitaríamos imaginá- -la como uma nova arte, um novo paradigma a pautar nossas relações com o sistema-Vida e com o sistema-Terra. Daí a oportunidade de concebê-la como um novo paradigma civilizacional, acrescentando ao termo ecologia mais um adjetivo, no caso, “espiritual-integral”, que corresponda a uma quarta dimensão, de importância capital para amalgamar as outras três já co- nhecidas. Daí a razão de se falar em “quatro ecologias” (BOFF, 2012). Nesse caso, a ecologia seria concebida a partir de uma visão sistêmica e, portanto, como singular complexidade composta por quatro dimensões: ambiental, social, mental e espiritual/integral. Na esteira de posições epistemológicas de F. Capra (“pensar sistêmico”), E. Morin (“pensar complexo”) e Boaventura de Sousa Santos (“ecologia do saber”), Boff escreve: Impõe-se, pois, a tarefa de ecologizarmos tudo que fazemos e pensamos, rejeitarmos os conceitos fechados, desconfiarmos das causalidades uni- direcionadas, nos propormos a ser inclusivos contra todas as exclusões, conjuntivos contra todas as disjunções, holísticos contra todos os re- ducionismos, complexos contra todas as simplificações. Assim, o novo paradigma começa a fazer a sua história (BOFF, 1995, p. 32). Com a publicação da encíclica Laudato Si’ , o neologismo “ecologia integral” alcançou ampla difusão, graças ao carisma e à força ilocucionária de seu autor, o papa Francisco. De fato, no capítulo IV da encíclica, o papa propõe a Ecologia integral como inclusão da ecologia ambiental, econô- mico-social, cultural e da vida cotidiana (FRANCISCO, 2015, 138-155) 2 . 2 O número nesta referência indica um parágrafo, a obra será referenciada de forma abreviada por “LS,”,

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