Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

José Ivo Follmann 14 da sustentabilidade”. Além das buscas dentro do debate acadêmico, o artigo valoriza, igualmente, as contribuições provindas de apelos selados em docu- mentos religiosos, como é o caso da carta encíclica Laudato Si’ . Um registro de alta atualidade e complexidade, dentro desta “mesa de diálogo” que quer ser este livro é o registro que nos vem da área da saúde. Neste sentido, o quinto capítulo tem a contribuição de José Roque Junges . O seu texto inicia com as seguintes palavras: “Nunca a humanidade tinha vi- vido, no seu conjunto, um desafio ameaçador como agora, na pandemia da Co- vid-19, porque as tragédias anteriores, como guerras e pestes, eram regionaliza- das : esta é global, atingindo todos os países, pois o vírus se espalhou rapidamente pelo mundo inteiro, exigindo dos governos drásticas políticas de quarentena”. O autor associa esta crise com as demais crises que nos abalam no tempo presente e chama a atenção sobre o fato do impacto profundo gerado por todas elas sobre a saúde dos seres humanos. Para ele “impõe-se, nesta situação de crise total, propor uma discussão sobre a justiça sanitária que está baseada em uma visão ampliada e integral que integra ambiente e sociedade na compreen- são da saúde. Para essa discussão parece apropriado assumir o paradigma de ecologia integral como caminho para uma proposta de justiça sanitária” . Entre outros argumentos, destaca que as três ecologias, que estão referidas tam- bém em outro capítulo a partir da obra de Felix Guattari, podem servir de ferramentas para entender as exigências de transformação sociocultural para que a ecologia integral seja possível. O autor sublinha que: “A perspectiva da ecologia integral, proposta pelo papa Francisco em sua encíclica Laudato Si’, está se tornando um paradigma de compreensão de muitas questões, porque tem uma visão holística e integral dos problemas” . Ecologia Integral é fundamental para a compreensão ecossistêmica da saúde. Isto ficou muito visível no contexto de pandemia vivido. Outro registro fundamental, nesta publicação, nos é trazido por Ade- vanir Aparecida Pinheiro e Camila Botelho Schuck , com o texto que compõe o sexto capítulo , no qual, a partir de fragmentos da história de Sarah “Saar- tjie” Baartman, as autoras buscam problematizar os impactos das imagens de controle, facilmente identificáveis, ainda hoje, em diferentes espaços, so- bretudo no meio acadêmico, com relação à população negra, especificamen- te com relação às mulheres negras. Além de trazer à reflexão aportes pro- vindos do feminismo negro e também reflexões sobre racismo ambiental e racismo estrutural, as autoras assumem a ecologia integral sinalizada na carta encíclica Laudato Si’ “como um novo paradigma transdisciplinar com nova luz para um avanço em nossa percepção da realidade” e utilizam a contraposição

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz