Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Joelson de Campos Maciel 134 grego, portanto. Isso foi o que se chamou de “revolução copernicana” em Kant e instaurou a filosofia transcendental consequentemente, ou seja, a razão buscando os limites dela mesma e por ela mesma. Isso só poderia dar errado dentro do meio ambiente, como realmente vivemos hoje tal crise. O método Conscious Aude em Hans Jonas Com efeito, Kant, ao mesmo tempo em que limpou os sistemas filosó- ficos de sua época das transcendências de fundamento teológico, injustificá- veis pela razão, segundo ele, propôs a sua máxima de homem como fim em si mesmo, dentro da moralidade prática. Assim, livre das interferências divinas e contando somente com a ra- zão, a máxima antropocêntrica caiu como uma luva para o discurso ilu- minista liberal revolucionário burguês ao justificar as desigualdades sociais como “naturais” até que o próprio mercado fizesse a sua autorregulação com a sua mão invisível. Bem, essa perspectiva jamais se concretizou. Ao contrário, da segunda metade do século XX para cá, passamos a conviver com a terminologia crise no meio ambiente que foi considerada o coroamento de todas as outras, den- tre elas, a do desenvolvimento e a da economia. Percebe-se, contudo, um ponto comum entre todas elas: foram pro- vocadas pelo avanço da pobreza global e pelo processo de centralização das riquezas, o que, por sua vez, causam a escassez dos recursos naturais e uma onda sucessiva de catástrofes ambientais, atingindo a todos, mas especial- mente os mais vulneráveis dentro do conceito de “racismo ambiental”, que se define como a ação de destinar resíduos tóxicos, ou externalidades nega- tivas de forma eufemística, conforme “a composição racial de uma comu- nidade”, sem que haja necessariamente um estado de calamidade ambiental imprevisível (THE WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT, 2009, p. 28), (SILVA, 2012), o que nos leva a considerar também que o “racismo ambiental” envolve conceitos da própria biopolítica como “gestão da vida humana” (ABREU, 2013). Na década de 1970, por outro lado, houve a união entre a defesa dos direitos humanos e a do meio ambiente, deixando a Terra de ser vista so- mente como um grande zoológico ou mesmo museu a céu aberto para fins de exploração e racionalização para o não esgotamento total dos seus recur- sos naturais.
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