Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1
Introdução 13 da experiência e consciência da índole mistérica e complexa de toda reali- dade criada. Neste sentido, são registradas as palavras do papa Francisco: “ O mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor ” (LS, 12) 2 . O artigo é um convite para uma nova epistemologia que envolva reconhecer, compreender e curar. Repete que, frente a desafios complexos, somos demandados a práticas e saberes (também complexos) integrais, e conclui celebrando a emergência da ecologia integral como “novo” paradigma. Na mesma linha de questionamento do capítulo anterior e, ampliando o referencial, Afonso Murad , no terceiro capítulo , traz o registro da “ecoso- fia” e da “ deep ecology ” (ecologia profunda). O seu texto inicia com a frase seguinte: “‘ Ecosofia’ evoca a ‘sabedoria da Terra’, alude à redescoberta do lugar da espécie humana, numa relação amorosa de interdependência e conexão com todos os seres que habitam nosso planeta. Ela visa superar a visão meramente superficial da ecologia, combater o antropocentrismo egóico da modernidade, propor um estilo de vida alegre e sustentável, religar a humanidade à dimensão divina da realidade e propor uma ética planetária engajada, simultaneamente individual e coletiva ”. Este é o direcionamento de todo o capítulo no qual o autor nos brinda com apurado registro de valiosas referências dentro do aprofundamento em torno dos conceitos que pautam seu título. Propõe im- portante reflexão sobre ecosofia e ecologia integral na Laudato Si’ , retoman- do também os sete tópicos chaves desta carta encíclica. As conclusões do capítulo são um convite aberto a seguir. O convite aberto sinalizado no final do capítulo anterior nos levou a colocar, na sequência, a reflexão apresentada por Silvio Marques Sousa Santos e Therezinha de Jesus Pinto Fraxe . O quarto capítulo toma como uma refe- rência um dos ditos de Edgar Morin: “De tanto sacrificar o essencial em favor do urgente, acabamos por esquecer a urgência do essencial” e aprofunda comen- tando que está quase passado da hora de mudar isso. Os problemas ambien- tais põem questionamentos sérios à forma de vida da humanidade. Questio- namentos os quais a humanidade, através da ciência e dos saberes, tem que responder. Com este foco central, o capítulo faz uma crítica à “racionalidade moderna” e lhe contrapõe o que denomina de “racionalidade ambiental”, ampliando a reflexão com elementos que normalmente não estão suficien- temente contemplados na racionalidade ambiental e no chamado “campo 2 As referências à Carta Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, nesta obra sempre serão abrevia- das com LS, seguido ou não do número do respectivo parágrafo.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz