Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

José Ivo Follmann 12 a chamada político-pedagógica, em vista do cuidado para com a “ casa co- mum ”, deverá ser pautada como referência mobilizadora. O principal ponto de partida é o conceito de ecologia integral, a perti- nência deste conceito e a pertinência de concebê-lo como o novo paradigma no campo de conhecimento. O passo subsequente, em nossa proposta de es- tudo, é o conceito de justiça socioambiental, a pertinência deste conceito e os caminhos e descaminhos em sua construção. Não se trata, obviamente, de um caminho linear e estruturado em etapas que se sucedem logicamente, pois o que mais se quer proporcionar é o “sentar-se ao redor de uma mesa de diálogo” , onde diferentes participantes na partilha são convidados e convidadas a se expressar a partir do seu lugar de percepção, reflexão e sistematização. “Ecologia integral: abordagens (im)pertinentes”, neste primeiro volume, congrega nove textos, de diferentes graus de amadurecimento na reflexão e sistematização e, sobretudo, de diferentes lugares de engajamento, observa- ção e percepção. O primeiro capítulo registra uma reflexão de Josafá Carlos Siqueira sobre a importância do conceito de “ casa comum ”. Menciona os descom- passos entre as diferentes ciências em despertar para esta consciência e em dar passos concretos nesse sentido. É o olhar de um cientista biólogo que é também motivado e que valoriza a perspectiva religiosa e as características e princípios éticos orientadores da carta encíclica do papa Francisco. O seu ponto de partida está sintetizado nas palavras iniciais de seu texto: “A frag- mentação conceitual da casa comum é fruto de uma cosmovisão esquizofrênica que não tem ajudado o ser humano a exercer a pluralidade de sua liberdade, pois somente nela é que encontramos a tríplice e necessária relação com as dimensões socioteológica, socioantropológica e socioambiental”. No segundo capítulo somos conduzidos em cheio para o cerne de nossa proposta em seu ponto de partida: a discussão do conceito de ecologia integral como um novo paradigma. Sinivaldo Silva Tavares parte de concei- tos (des)conhecidos de ecologia e chama, ao mesmo tempo, a nossa atenção para certa redundância na expressão ecologia integral. Somos parte de uma teia complexa de relações e a ecologia se coloca como a ciência que busca dar conta do “conjunto de relações dos organismos entre si”. O autor passa pelas diferentes adjetivações do termo ecologia e as principais contribuições neste debate, sempre buscando a pertinência do adjetivo “integral”. Assume a importância da dimensão do mistério, ao propor a posição do papa Fran- cisco, na oposição diametral à fragmentação epistemológica e existencial, hegemônica no ocidente, propondo um paradigma alternativo que brota

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