Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Racismo Ambiental, Ecologia Integral e Casa Comum:... 107 povoar este espaço, contribuem, sem dúvida, para romper com o racismo ambiental e estrutural reproduzido na própria academia. Apontamos que o combate ao racismo acontece, sobretudo, atra- vés da educação das relações étnico-raciais, prática que, através da Lei 10.639/03 e 11.645/08, possibilitou que os espaços educacionais conce- bessem os saberes do povo negro e indígena como fundamentais para a formação da população brasileira. Entretanto, apesar dos avanços e dos esforços do movimento negro, ainda há uma dificuldade em fazer a apli- cabilidade da lei, em parte, pelo descaso das instituições impregnadas pelo racismo estrutural. Também são notáveis práticas individuais de sujeitos intelectuais, que depois de terem tido possibilidade de evitar o tema, hoje se veem obrigados, mas não estão preparados e acabam abordando a temá- tica de uma forma contrária à verdadeira finalidade da lei, transformando- -se em novos reprodutores do racismo. Por fim, a grande chave da Ecologia Integral e junto com ela a provo- cação do cuidado da “ casa comum ” é apontada como o grande caminho de superação do racismo ambiental e todas as formas de racismo e outras práti- cas de desigualdades sociais. O cuidado da “ casa comum ” envolve ao mesmo tempo cuidar da mãe terra e cuidar para que todos os seus habitantes pos- sam viver com dignidade, sem desigualdades no trato humano e social. O racismo ambiental é sintoma grave do descuido em todos os sentidos. Ele é a reprodução e perpetuação do genocídio da raça negra em nossa sociedade. Finalizamos com a gostosa sensação de termos vivenciado, mesmo que tenhamos lacunas que devem ser relevadas, um rico debate trazendo à mesma roda de conversa distintas fontes de conhecimento e percepções, todas com preocupações convergentes na busca de alternativas concretas de mudança nas lógicas coloniais que ainda permeiam a sociedade e o próprio mundo acadêmico, sobretudo no que diz respeito ao racismo. O racismo a ser destruído é um “racismo ambiental” e “racismo estrutural”, que continua reproduzindo em nossos corpos o mesmo sistema mundo de dominação branca dentro do campo da produção e reprodução do conhecimento, rele- gando os aspectos periféricos para os poucos negros e negras que conseguem acessar estes espaços, muitas vezes em grande situação de vulnerabilidade social. Ao que compete às mulheres negras, a imagem de controle de Sarah Baartman, que se perpetua dentro do espaço acadêmico, tem sido comba- tida de forma contundente através da organização coletiva que prenuncia e ensaia, ainda que a passos tímidos e movimentos limitados, mudanças

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