Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Racismo Ambiental, Ecologia Integral e Casa Comum:... 105 lógica de reprodução, o racismo pode se aliar a lógicas de classe, de religiosi- dade, de gênero, sexuais e outras extensões. O racismo, deste modo, é a regra e, como tal, institui as normas políticas, sociais e econômicas da sociedade. Considerações Finais Assumimos a “ecologia integral” como um novo paradigma transdis- ciplinar com nova luz para um avanço em nossa percepção da realidade, tal como está amplamente debatido em outros capítulos desta coletânea. É den- tro deste horizonte amplo que trazemos duas imagens: a de Sarah Baartman e a da “casa grande e senzala”. Poderíamos ainda acrescentar múltiplos rela- tos a partir de inúmeros incidentes racistas, em geral, e de violência contra as mulheres negras, em particular, que são do dia a dia de nossa sociedade. Poderíamos ainda estender-nos sobre a mentalidade colonialista e de domi- nação que continua imperando na sociedade brasileira com relação aos ter- ritórios indígenas e, também, aos territórios quilombolas. Entendemos que as duas imagens que escolhemos como paradigmáticas, uma de referência colonialista e racista mais ampla e a outra de dentro da história da sociologia brasileira são suficientemente abrangentes para nos trazer ao centro do de- bate sobre o racismo estrutural. O racismo estrutural permeia a sociedade e as instituições, especifi- camente as instituições de educação superior. Isto acaba sendo, inclusive, a maior dificuldade para que uma verdadeira “educação das relações étnico- -raciais” evolua. Se é a maior dificuldade, é também a maior motivação para que se invistam todos os esforços por seu sucesso. Não nos iludamos, no entanto, pois sem uma consciente e clara ruptu- ra mental e vigilância permanente com relação ao esquema da “casa grande e senzala” que domina as nossas mentes e corações, e uma franca abertu- ra à provocação da “ casa comum ” banhada e alimentada no paradigma da Ecologia Integral, não existem condições para um verdadeira “educação das relações étnico-raciais” e superação dos ambientes racializados e silenciados da sociedade, muitas vezes reproduzidos e reforçados em nossas academias. Tem sido uma tarefa desafiadora elaborar uma modesta construção, em uma perspectiva transdisciplinar que bebe ao mesmo tempo de debates acadêmicos e de reflexões e saberes que vem de outras origens, cruzando a questão do racismo em todos os níveis com a perspectiva de um novo paradigma da “Ecologia Integral”. As nossas reflexões estiveram respaldadas

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