Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

Racismo Ambiental, Ecologia Integral e Casa Comum:... 103 ambiente, ou, discriminação de grupos sociais geograficamente localizados, e po- dem ser motivadas por raça, cor ou classe social”. Neste sentido, considera-se através da ideia da autora que o racismo está muito presente em todos os ambientes, seja territorial, ou nas instituições e demais ambientes de forma sutil e, ao mesmo tempo, velado, quando não pode ser comprovado e que fortalece o silêncio entre os sujeitos étnicos discriminados e seus grupos, como os negros e negras e os povos indígenas. O racismo com suas diversas facetas possui sua forma estrutural. Al- meida (2019) tem apresentado amplo debate sobre o racismo estrutural, definindo que: “A tese central é a de que o racismo é sempre estrutural, ou seja, de que ele é um elemento que integra a organização econômica e polí- tica da sociedade” (ALMEIDA, 2019, p. 15). Traçando uma linha que liga toda a construção da sociedade que a partir do Iluminismo se considerava civilizada e tinha como projeto de nação levar a civilização e a modernidade aos primitivos, Almeida observa os resultados deste processo: E foi esse movimento de levar a civilização para onde ela não existia que redundou em um processo de destruição e morte, de espoliação e avil- tamento, feito em nome da razão e a que se denominou colonialismo (ALMEIDA, 2019, p. 18). Sem dúvida, falar de racismo estrutural implica em falar de colonialis- mo, visto que a estrutura que sustenta todas as práticas racistas está histórica e socialmente ligada ao que o processo colonial instituiu nos modos de mer- cado, relações sociais e políticas. Outro elemento desse racismo estrutural é sua forma de segregação racial, a qual divide de modo espacial as raças em localidades específicas (ALMEIDA, 2019, p. 24). Dentro dessa perspectiva podemos aproximar o conceito de racismo ambiental que pode complemen- tar o entendimento de como o ambiente é afetado e de que modo acaba por distribuir a população negra nos bairros e guetos. Ainda se faz necessário compreender de que modo essa estrutura se divide dentro da sociedade de forma identificar os elementos desse racismo estrutural. Almeida (2019) propõe que o racismo seja observando em suas três vertentes: individual, institucional e estrutural. Na primeira, identifica os aspectos subjetivos deste fenômeno sociológico: Seria um fenômeno ético ou psicológico de caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados; ou, ainda, seria o racismo uma “irracionalida- de” a ser combatida no campo jurídico por meio da aplicação de sanções civis – indenizações, por exemplo – ou penais (ALMEIDA, 2019, p. 26).

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