Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Raquel Von Hohendorff, Wilson Engelmann e Daniele Weber da Silva Leal 86 o trabalho, clarificação da abordagem e priorização de pesquisas futuras e, como a área da nanotecnologia e as abordagens do ciclo de vida estão mudando rapida- mente, este documento deverá ser revisado e atualizado à medida que as informa- ções adicionais estiverem disponíveis (EASON et al. , 2011). Essa orientação serve para facilitar a tomada de decisões sustentáveis no cenário dos nanoagroquímicos e evidencia a necessidade de uma discussão sobre os riscos, que se fará na sequência. 3. A IMPRESCINDÍVEL REFLEXÃO ACERCA DOS RISCOS DOS NANOAGROQUÍMICOS E SEU CICLO DE VIDA Existem muitas incógnitas em torno de nanotecnologias e nanoprodutos, tanto em termos de desempenho quanto de impacto no meio ambiente, econo- mia e sociedade: o modo como as nanopartículas se comportam no meio ambien- te é extremamente complexo e ainda não foram coletados dados experimentais sistemáticos para ajudar a compreender esse processo de forma abrangente. Esta é a conclusão de uma equipe do Instituto ETH de Zurique, na Suíça, depois de realizar uma grande revisão da literatura científica sobre o assunto: “[…] a equi- pe afirma que somente quando os cientistas adotarem uma abordagem mais pa- dronizada será possível compreender os efeitos que as nanopartículas têm sobre o ambiente - incluindo os seres humanos […]”. De acordo com a equipe, mesmo os especialistas envolvidos nos estudos científicos acham difícil dizer exatamen- te o que acontece às nanopartículas uma vez que elas cheguem à água ou ao solo (SANI-KAST et al. , 2017). Na mesma linha vai Simonin et al. (2018), que destacam: apesar do rápido aumento na diversidade e nas quantidades de nanomateriais produzidos por en- genharia, os impactos desses contaminantes emergentes na estrutura e na função dos ecossistemas receberam pouca atenção dos ecologistas. Além disso, pouco se sabe sobre como os nanomateriais manufaturados podem interagir com a polui- ção de nutrientes na alteração da produtividade do ecossistema, apesar do reco- nhecimento de que a eutrofização (o aumento exagerado de algas, decorrentes da poluição e outras contribuições dos humanos, desequilibrando o meio ambiente) é a principal questão da qualidade da água nos ecossistemas de água doce em todo o mundo. Neste estudo, os autores deixaram duas perguntas principais: (1) Até que ponto as nanopartículas manufaturadas afetam a biomassa e a produtividade dos produtores primários nos ecossistemas de áreas úmidas? (2) Como esses im- pactos são mediados pela poluição por nutrientes? Aqui se tem claramente a in- certeza, pois existe uma projeção dos riscos, mas também perguntas sem respostas. Na Duke University, dos Estados Unidos da América encontra-se o CEIN- T-Center for the environmental implications of NanoTechnology , que estuda as in- terações ambientais das nanopartículas: nos últimos 10 anos, houve um aumento no uso de pequenas substâncias chamadas nanomateriais em agroquímicos, como pesticidas e fungicidas. A ideia é fornecer mais proteção contra doenças e melho- res rendimentos para as culturas, enquanto diminui a quantidade de toxinas pul- verizadas nos campos agrícolas. Mas quando combinados com o escoamento de
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