Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Nanoagroquímicos e risco: uma (necessária) leitura a partir da sustentabilidade... 85 vida de um nanomaterial. As Ciências Exatas, dentre as quais se sublinha a Enge- nharia, a Química, a Física, a Biologia e outras, ainda não conseguiram calibrar a metodologia para a avaliação da segurança dos produtos desenvolvidos à base da nanoescala; se desconhece o número de nanopartículas já produzidas pela ação humana, as denominadas nanopartículas engenheiradas. No caso específico do setor agrícola, que se aplica diretamente ao agrone- gócio, nessa base de dados se observam as seguintes aplicações: criação animal; melhoramento e proteção vegetal; melhoria do solo; fertilizantes químicos; nu- trientes para plantas e nanocompósitos de liberação controlada (INTRODUC- TION, 2020). Na área do agronegócio vislumbra-se o desenvolvimento da cha- mada “nanotecnologia na agricultura de precisão”, onde se encontram: nanos- sensores para saúde e condição do solo; liberação controlada de agroquímicos; detecção de agroquímicos; ampliação do tempo de prateleira de agroprodutos; regulagem do crescimento de plantas; retenção de nutrientes e água; entrega de nutrientes e água de forma seletiva e aumento da qualidade de saúde dos agropro- dutos (BRASIL, 2019). Uma consulta à base de dados da Statnano, em agosto de 2020, demonstrou existirem 227 produtos agrícolas com nanotecnologia, em 26 países, produzidos por 72 diferentes empresas (INTRODUCTION, 2020). As aplicações dos nanoagroquímicos têm demonstrado um potencial para adoção em larga escala pelo setor agrícola em todo o mundo; assim, é importan- te que os países em desenvolvimento construam e coloquem em prática estraté- gias adequadas de gestão de risco com antecedência, pois algumas das aplicações (por exemplo, nanopesticidas) podem representar um risco maior (ou diferente) para os trabalhadores rurais, o meio ambiente e os consumidores (CHAUDHRY; CASTLE, 2011). A toxicidade para o ecossistema, os resíduos potenciais que po- dem ser depositados nos alimentos, e a fitotoxicidade dos nanomateriais são algu- mas das maiores preocupações para a aplicação dos nanomateriais na agricultura (ILUMINATO, 2009). A produção, a utilização e a eliminação de produtos nanoagroquímicos re- sultarão inevitavelmente na liberação de nanomateriais no meio ambiente e ainda não há entendimento amplo sobre os efeitos destes materiais em bactérias, mi- cróbios e fungos em ambientes naturais. É possível que uma maior presença de nanomateriais antibacterianos altamente potentes nos fluxos de resíduos altere o comportamento das bactérias benéficas ao meio ambiente. As mesmas carac- terísticas que fazem com que os nanoagroquímicos sejam mais efetivos que suas versões macro, – maior toxicidade, mais biodisponibilidade para alcançar pragas específicas e maior longevidade no terreno – também significam novos riscos para os seres humanos e o meio ambiente (MILLER; SENJEN, 2008). Por conta desse cenário, o documento Guidance to Facilitate Decisions for Sustainable Nanotechnology, produzido pela Agência Norte-Americana de Meio Ambiente, destina-se a oferecer um ponto de partida para avaliar a sustentabili- dade dos nanoprodutos e fornece um resumo dos métodos existentes para avaliar vários aspectos da sustentabilidade. Além disso, destaca os elementos críticos ne- cessários para apoiar a tomada de decisão baseada na sustentabilidade. Os comen- tários recolhidos a partir deste relatório também serão utilizados para aprimorar
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