Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Raquel Von Hohendorff, Wilson Engelmann e Daniele Weber da Silva Leal 84 As nanotecnologias são um conjunto de técnicas multidisciplinares que permitem o domínio de partículas com dimensões extremamente pequenas que exibem propriedades mecânicas, óticas, magnéticas e químicas completamente novas (DUPAS, 2009). A nanotecnologia pode ser definida como a ciência da manipulação de matéria na escala nanométrica, a fim de descobrir novas propriedades e assim produzir novos produtos. Nos últimos trinta anos, uma quantidade considerável de interesse científico e financiamento de pesquisa e desenvolvimento dedicado à nanotecnologia levou a desenvolvimentos rápidos em todas as áreas de ciência e engenharia, incluindo química, materiais, energia, medicina, biotecnologia, agri- cultura, alimentos, dispositivos eletrônicos e produtos de consumo. Somente nos EUA o governo federal gastou mais de US$ 22 bilhões em pesquisa em nanotec- nologia desde 2001 (CHENG et al. , 2016). A Organisation for Economic Co-Operation and Development (OCDE) de- fine a nanotecnologia como um “[...] conjunto de tecnologias que permitem a manipulação, estudo ou exploração de estruturas e sistemas muito pequenos (ge- ralmente menos de cem nanômetros)” (OECD, 2017). Como as nanopartículas são muito pequenas, medindo menos de um cen- tésimo de bilionésimo de metro, são regidos por leis físicas muito diferentes da- quelas com as quais a ciência está acostumada. Existem probabilidades de que as nanopartículas apresentem grau de toxicidade maior do que as partículas em ta- manhos normais, podendo assim ocasionar riscos à saúde e segurança de pesqui- sadores, trabalhadores e consumidores. Desta forma, podem-se mencionar em destaque diversas características das nanotecnologias, tais como as propriedades incomuns de nanopartículas que são principalmente baseadas em seu tamanho em nanoescala e sua área de superfície. À medida que o tamanho de uma partícula diminui e se aproxima da nanoescala, muitas propriedades começam a mudar em comparação com o mesmo material no seu tamanho macro. Cita-se, como exemplo, a cor e a temperatura de fusão do ouro, as quais são muito diferentes em nanoescala que em ouro convencional. Os efeitos tóxicos de materiais que se mostram como inertes na escala macro também são muito diferentes na escala nano. Como a área de superfície de partículas au- menta, uma maior proporção dos seus átomos ou moléculas começar a ser exibida na superfície, em vez de o interior do material. Existe uma relação inversa entre o tamanho das partículas e o número de moléculas presente na superfície da partí- cula. O aumento na área de superfície determina o número potencial de grupos reativos sobre a partícula. A alteração das propriedades físico-químicas e estrutu- rais das nanopartículas com uma diminuição do tamanho poderá ser responsável por uma série de interações materiais que podem levar a efeitos toxicológicos. Quanto mais larga for a utilização da nanoescala na indústria, maior será a quantidade de produtos colocados à disposição do consumidor. Qual o motivo da preocupação? Por meio de equipamentos especializados, em condições de inte- ragir com o nível atômico, se geram produtos com características físico-químicas diferentes daquelas encontradas no seu similar na escala macro. Aliado a esse as- pecto, inexiste regulação específica para as nanotecnologias ao longo do ciclo de
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