Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Sarah Hoerlle Moreira, Juliane Altmann Berwig e Ana Paula Atz 180 de fertilizantes com nanotecnologia, “em 2012, o Brasil aparece como nono país (empatado com a Austrália) em depósitos de patentes e de fertilizantes nanotec- nológicos” (HOHENDORFF; LEAL; ENGELMANN, 2019, p. 117). Dentre as pesquisas realizadas com agrotóxicos, um caso bem-sucedido foi do grupo que estudou a atrazina (SYNGENTA, 2019), “composto usado para combater plantas daninhas e um dos herbicidas mais amplamente aplicados no Brasil”. Na União Europeia, o uso dessa substância se tornou proibido depois que análises indicaram que o composto contaminava lençóis subterrâneos e águas su- perficiais. O grupo criou uma forma de encapsulamento da substância que coloca o ingrediente “e quimicamente ativo em contato direto com as plantas daninhas”. Desse modo, a eficácia do produto foi multiplicada por dez – ou seja, a quantida- de necessária de atrazina passou a ser de 300 gramas por hectare. A tecnologia já foi patenteada e licenciada no ano passado; todavia, o químico Fraceto, que lide- rou as pesquisas, destacou ser “vital manter em mente que, antes de serem dispo- nibilizadas no mercado, essas inovações sejam testadas de forma meticulosa. É es- sencial que sejam realizados estudos que demonstrem a segurança desses sistemas para a saúde humana e para o ambiente” (BRITTO, 2019). Similarmente, os nanoagrotóxicos podem estar presentes em diversas eta- pas, desde a lavoura até o consumo final, ou seja, “buscando uma agricultura mais produtiva, sem perdas e mais segura uma vez que os agrotóxicos produzidos a partir de nanoformulação dissolvem mais prontamente na água o que facilita sua aplicação, ampliando também seu poder de ação”. Outro destaque são os “mate- riais nanoencapsulados” que proporcionam a liberação mais lenta do nanoagro- tóxico, proporcionando diversos benefícios no controle de pragas, reduzindo a “exposição dos trabalhadores a agrotóxicos e eliminando a necessidade de solven- tes tóxicos e inflamáveis” (HOHENDORFF; LEAL; ENGELMANN, 2019, p. 118-119). Assim, utiliza-se o termo nanoalimento (ou nanofood ) a fim de caracterizar os alimentos que foram plantados, produzidos ou embalados, por meio da apli- cação da nanotecnologia, nanomateriais ou nanoagrotóxicos. Sua aplicação pode ser empregada em todas as etapas de produção dos alimentos; na primeira fase podem ser utilizadas substâncias químicas nanoformuladas para prolongamento de seu resultado em comparação às convencionais e utilizados nanomateriais na purificação da água e limpeza do solo. “Os nanoagrotóxicos não são eliminados na colheita, podendo resultar em potencial exposição ao consumidor”. Na fase de processamento, a nanotecnologia surge em maquinários de produção, onde “os nanoagrotóxicos têm contato direto com os alimentos, por exemplo, no revesti- mento de máquinas que usam nanopeneiras para eliminar bactérias (BARROS, 2011, p. 16). Contudo, sua utilização também gera riscos, conforme demonstrado nos estudos “ in vitro , fica claro que existe possibilidade das nanopartículas de prata produzir danos ao organismo humano, entretanto, poucos são os estudos que tra- tam especificamente do uso dessas nanopartículas em alimentos ou cosméticos” (HOHENDORFF, 2014, p. 144). Inúmeras são as dúvidas referentes aos riscos dos nanoagrotóxicos em “contato com nanopartículas para o meio ambiente, para

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