Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Sarah Hoerlle Moreira, Juliane Altmann Berwig e Ana Paula Atz 178 Inclusive os agrotóxicos encontram-se classificados como os mais influen- tes poluentes químicos que se emitem pelo mundo. Os países mais desenvolvi- dos, além de exportarem agrotóxicos para os países em desenvolvimento, inse- rem empresas designadas para sua produção (HUPFFER; SUSIN; POL, 2019, p. 143-144). Outrossim, “o Brasil possui muitos agrotóxicos registrados”, visto que a mão de obra é de baixo custo e as leis existentes possuem regras menos rigorosas, ou seja, dentre as nações que mais consomem agrotóxicos legalmente, o Brasil ga- nha posição de destaque (MILKIEWICZ; DAMACENA, 2019, p. 77-78), sendo o segundo maior consumidor, justamente por estar entre os maiores produtores agrícolas do planeta, ocupando a posição de segundo maior exportador de alimen- tos, “o que gera a necessidade do uso intensivo de técnicas que utilizam sementes transgênicas fertilizantes e agrotóxicos” (POL, 2019, p. 83). Ainda a aplicação de agrotóxico, quando em excesso, “em desacordo com as prescrições técnicas, falta de informação e monitoramento de riscos adquire caráter potencialmente catastrófico”, ou seja, existe o risco de o agrotóxico afetar não só local de sua aplicação, mas outros componentes do meio ambiente além do solo, como a saúde humana e animal. “Pode-se destacar a ocorrência de doenças e mortes que poderiam ser evitadas entre elas, o câncer. A exposição a estes com- postos químicos é diária, configurando-se como um grande problema de saúde pública e ambiental” (MILKIEWICZ; DAMACENA, 2019, p. 77-78). A contaminação humana é sistemática e exposta por três vias principais: i) inalação: é a rota principal para os trabalhadores agrícolas, desde a “utilização na lavoura, transporte, manuseio dos alimentos nos espaços de comercialização”; ii) ingestão: que ocorre de forma indireta “por meio da migração dos agrotóxicos para os alimentos”; iii) absorção: “onde entra em contato com o organismo atra- vés da ingestão, no momento do consumo” (FLORES; ATZ; HUPFFER, 2019, p. 26). Portanto, o impacto das consequências na utilização de agrotóxicos na saú- de humana e ambiental tem gerado grande debate por parte de pesquisadores, que, ao analisarem e compararem o município de origem de pacientes, qual seja, neste caso, o estado de São Paulo, com “câncer de fígado, leucemia linfoide e cân- cer de próstata, observaram que são fortes os indícios de correlação positiva do uso dos agrotóxicos com o desenvolvimento do câncer”, tendo em vista que grande parte do acréscimo destes tipos de câncer acontecem nos indivíduos que tiveram ou ainda tem contato direto com os agrotóxicos (FLORES; ATZ; HUPFFER, 2019, p. 26). Além disto, as informações referentes ao comportamento ambiental “quí- mico, toxicidade, cancerogenicidade, mutagenicidade, volatilidade e a meia vida do produto podem ser obtidas no sistema ‘Sistema de Informações sobre Agrotó- xico’, disponível online ”. Trata-se de um significativo meio de informação pouco divulgado, disponível para os agentes do Direito e demais cidadãos (MILKIE- WICZ; DAMACENA, 2019, p. 82). Entretanto, ao longo do tempo o entusiasmo mundial pelos agrotóxicos foi perdido, tendo em vista que, após observar os insetos, percebeu-se que estes
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