Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Os agrotóxicos na sociedade consumocentrista: a sustentabilidade necessária 141 o progresso. À medida que a sociedade progride, mais se desenvolve a possi- bilidade e a capacidade de progredir. Essa característica moderna se apresenta como uma qualidade formidável, pois manterá a sociedade sempre em cresci- mento. Todavia, diante de uma construção subjetiva, voltada ao desenvolvi- mento do capital e da técnica, os progressos sociais deixam de ser priorizados (PEREIRA; PEREIRA, 2008, p. 236). Assim, a finalidade do ser humano passa a ser a busca pelo progresso cien- tífico e econômico e o consumo vai assumindo papel central no estilo de vida do homem moderno. Retondar (2007, p. 25) explica que o processo de modernização das socie- dades fez ressignificar as ideias e conceitos de “mercado” e “cultura”, num processo de complementariedade e contradição, que tem como elo principal o consumo. Para o autor, a própria ideia de cidadania passa a ser associada à de consumidor, o ator do progresso do mercado, em que ser cidadão é ser consumidor. O melhor modo de participar da cultura atual é consumindo: No interior desta lógica, o elo central de ligação entre o mercado e a cultura foi a esfera do consumo, a qual passou a concentrar boa parte desta tensão que envolve os processos de racionalização do mundo e processos de seu reencanta- mento na medida em que, a orientação racional do consumo, principalmente através do controle do dispêndio foi, no decorrer do desenvolvimento do capi- talismo moderno, sendo cada vez mais “corrompida” pela crescente formação de um conjunto de necessidades virtuais que se aproximam do gozo e da frui- ção, individual e coletiva, por intermédio do consumo conspícuo disseminado principalmente entre os segmentos médios e de elite burgueses na Europa a partir da segunda metade do século XVIII e a primeira do século XIX (RE- TONDAR, 2007, p. 25). Assim, a sociedade moderna transmuta-se em sociedade de consumo, “na qual a criação incessante e rápida de necessidades, a busca ininterrupta pela frui- ção hedonista e a efemeridade do gosto se tornaram suas marcas mais característi- cas” (RETONDAR, 2007, p. 43). O ponto central da cultura moderna é expandir o desejo humano, pois ele é o principal impulsor do ato de consumir. Não basta oferecer algo aos desejos humanos, mas é preciso criar novas formas de desejar. O consumo passa a ser o combustível que alimenta o motor da sociedade moderna, a qual se movimenta pela fruição massiva dos bens e serviços disponí- veis, os quais se tornam cada vez mais efêmeros, aliados a estratégias de marketing agressivas e sedutoras que induzem o cidadão ao consumo. O indivíduo moderno coloca o consumo no centro das suas atividades e organiza toda sua existência com base nas possibilidades que envolvem o ato de consumir, sua principal motivação. Lipovestky (1989, p. 79), ao abordar o tema do consumo dispõe que: É com o aparecimento do consumo de massa nos EUA, nos anos vinte, que o hedonismo, até então apanágio de uma pequena minoria de artistas ou de in- telectuais, se tornará o comportamento geral na vida corrente; é aí que reside a grande revolução cultural das sociedades modernas.
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