Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Haide Maria Hupffer, Elizete Brando Susin e Jeferson Jeldoci Pol 122 atual Covid-19 e salienta que o avanço da população sobre áreas nativas aproxi- ma os humanos e a população de animais silvestres (MONZONI; CARVALHO, 2020, p. 48). Comentando sobre as fazendas modernas da atualidade, outro estudo de Morris (2020) denominou-as como sendo biocatástrofes, referindo-se às condi- ções de vida às quais o gado é submetido, vivendo amontoado, tornando-se fo- cos de vida para vírus e bactérias, ao mesmo tempo em que são adicionados à sua alimentação antibióticos potentes, que geram as condições propícias para o desenvolvimento de patógenos resistentes a antibióticos e agrotóxicos, que reper- cutem num preço alto a ser pago pelo público que consome a carne ali produzida e acaba contraindo doenças difíceis de serem tratadas, devido à resistência que os patógenos adquiriram. O autor ainda relata que os animais são alimentados com alimentos produzidos com agrotóxicos em larga escala, que esse fato pode trazer inúmeras doenças e que a humanidade não está se preparando para evitá-las, re- duzindo o volume de pesticidas utilizados que impactam o solo, a água, o ar e a saúde do ser humano (MORRIS, 2020). Para a humanidade prevenir danos futuros, como o surto de H1N1, que em 2009 adoeceu cerca de 59 milhões de pessoas e a Pandemia da Covid-19, se faz necessário o tratamento da saúde animal juntamente com a saúde humana em todo o Planeta (MORRIS, 2020). Isto exigirá mudanças radicais nos negócios e o abandono da ideia de que a medicina e a ecologia possam ser entendidas separa- damente uma da outra, porque a Covid-19 mostra que as condições que afetam o reino animal não são separadas das que afetam a espécie humana e cientistas já estimam que os animais possuam mais de 600.000 vírus, com potencial para in- fectar humanos, os quais a humanidade ainda nem conhece (MORRIS, 2020). O atual vírus apresenta um poder de aniquilação muito rápido, que, até o presente momento, ainda não há uma vacina segura para imunizar as populações. Cientistas e governos de todo o mundo têm se unido e somado esforços no senti- do de desenvolver antídoto ou vacina contra a doença, mas, mesmo com todo o empenho, até agora os resultados se resumem a testagens. As sociedades humanas, que sempre impuseram sua vontade consumindo recursos naturais, tantas vezes degradando o ambiente natural para a manutenção de sua espécie, se veem hoje diante de um inimigo voraz e silencioso do qual ainda não sabem como se defen- der, e que parece querer mostrar que a intervenção humana pode ser limitada pela natureza que, discreta e silenciosamente, pode impor condições que limitarão os impactos das ações humanas nos seus ecossistemas. Por essas razões, discutir o desastre sanitário global da Covid-19 com o uso de agrotóxicos em larga escala é urgente e necessário, visto que os reflexos da utilização em larga escala de agrotóxicos estão associados com a degradação am- biental, distúrbios nos ecossistemas e extinção de parcela significativa da biodiver- sidade. Os agrotóxicos representam verdadeiras ameaças ao bem-estar humano e ambiental, bem como à integridade dos ecossistemas. Grande parte da produção de commodities agrícolas com uso intensivo de agrotóxicos é utilizada para alimen- tar animais que são comercializados para consumo humano, o que traz reflexos à saúde animal e, consequentemente, à saúde humana.
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