Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Agrotóxicos e Covid-19: uma reflexão necessária sobre a política brasileira de flexibilização da legislação... 121 cavidade oral e pode ser espalhado através do ar” (VOLGENANT, et al . 2020). O estudo relatou que a ausência de imunidade de rebanho da população ocorreu pelo fato de nunca ter havido o contato com este tipo de vírus, sendo que ele é al- tamente contagioso: cada indivíduo infectado pode acabar infectando, em média, duas a três pessoas, potencializando o número de pessoas infectadas e, como ainda não existe medicação ou vacina para a doença, a diminuição do contágio fica res- trita às medidas de controle de infecções (VOLGENANT et al. 2020). Responsabilizando os seres humanos como únicos responsáveis pela pan- demia mundial do coronavírus, a Organização das Nações Unidas (ONU, 2020) divulgou, em sua Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, que o atual estilo de vida da humanidade alterou o ambiente na- tural em seu entorno, destruindo florestas para a ocupação demográfica, a agri- cultura e a industrialização, reduzindo, assim, o espaço da vida selvagem e degra- dando as barreiras de proteção natural existentes entre os seres humanos e os ani- mais. Declarou, ainda, que a mudança climática, principalmente as ocasionadas pelas emissões de gases de efeito estufa, ao alterarem a temperatura e a umidade do planeta, afetam a sobrevivência dos micróbios, desencadeando a manifestação de doenças transmitidas ao homem pelos animais e que as transformações acele- radas dos habitats, como mudanças do clima, inundações ou incêndios florestais “não permitem que os ecossistemas equilibrem picos repentinos na população de algumas espécies – como os mosquitos –, que podem se tornar vetores de doenças emergentes” (ONU, 2020). A ONU (2020), ao analisar as causas da Covid-19 e relacioná-las a degra- dação ambiental, informa que está sendo programado o lançamento de uma ava- liação sobre zoonoses, que será realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, juntamente com o Instituto Internacional de Pes- quisa Pecuária, o qual sugere que, conforme a mudança do clima avança, o surgi- mento de epidemias será cada vez mais frequente. Outro recente artigo sobre a Covid-19, de Monzoni e Carvalho (2020, p. 47), também associa a pandemia do momento ao atual modo de vida das so- ciedades humanas, chamando a atenção para a necessidade de uma articulação, em escala global, para o combate de novas doenças que, por conta do modelo de interconexão socioeconômica, com fluxos intensos de pessoas, informação, mer- cadorias, urbanização crescente e invasão de reservas naturais, podem se alastrar rapidamente. Os autores falam sobre a estimativa do crescimento da urbanização que prevê um salto, no crescimento das cidades, na ordem de 55 para 68% até o ano de 2050, e acrescentam que deve ser observado que grande parte das novas doenças que ameaçam a vida humana tem origem de organismos vivos que trans- mitem infecções de animais para humanos, e de humanos para humanos. Acres- centam, ainda, que “As doenças zoonóticas representam 60% dos 365 eventos de doenças infecciosas emergentes identificadas entre 1940 e 2004, a maioria delas (72%) de animais silvestres e com crescimento significativo ao longo do período examinado” (MONZONI; CARVALHO, 2020, p. 47-48). O artigo cita como exemplos de doenças zoonóticas a síndrome respiratória aguda grave – SARS, a doença pelo vírus ebola, a síndrome respiratória do Oriente Médio – MERS e a

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