Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Haide Maria Hupffer, Elizete Brando Susin e Jeferson Jeldoci Pol 118 renovação pelos Estados de políticas de benefícios com desoneração de 30% a 60% do ICMS, além de redução em outros tributos. A controvérsia em relação à permissividade, flexibilização e concessão de benefícios foi parar no Supremo Tri- bunal Federal e a questão foi judicializada em nome da defesa da saúde pública e dos altos custos para o sistema público de saúde. Os agrotóxicos geram notórias externalidades negativas que são amplamente divulgadas por cientistas e por orga- nizações que apontam o nexo causal entre o consumo de agrotóxicos e inúmeras doenças. Em virtude da magnitude da emergência de saúde pública global provoca- da pela Covid-19, faz-se necessário uma análise a partir de vários olhares que re- lacionam o vírus à degradação dos habitats naturais para, em sequência, dialogar sobre um desastre silencioso que já está instalado com a utilização exponencial de agrotóxicos que contaminam alimentos, recursos hídricos, o solo, o ar e entram silenciosamente no organismo do consumidor e do agricultor, transformando-se em doenças, tanto para as gerações presentes como para as gerações futuras. O estudo inicia a discussão contextualizando que a degradação ambiental pode ser relacionada ao surgimento do biovírus responsável pela maior crise sa- nitária e socioeconômica mundial. Na sequência serão discutidas premissas que indicam um cenário de desastre silencioso provocado pelos inúmeros agrotóxicos utilizados para, ao final, apresentar como o Brasil se posiciona neste cenário e quais as ações realizadas pelo governo no período da pandemia que ampliam so- bremaneira os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, sem uma contrapartida dos grandes conglomerados internacionais com as externalidades negativas causa- das pela comercialização e utilização de agrotóxicos em solo brasileiro. 1. A COVID-19 COMO CONSEQUÊNCIA DRAMÁTICA DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL A degradação ambiental há muito tempo vem permeando a preocupação de ambientalistas e interessados na área, em todo o mundo, sendo que, cada vez mais, a problemática ambiental tem sido mencionada, evidenciando a crise do ambiente natural, causada pelos impactos das ações humanas, e alertando para o desequilíbrio ocasionado pela relação entre o desenvolvimento social e econômico e a sustentabilidade ambiental planetária. Em 1992, no Rio de Janeiro, no encontro denominado Cúpula da Terra, também conhecido como Rio-92, dando seguimento aos eventos voltados para as preocupações mundiais com a degradação ambiental, teve início a criação da Carta da Terra (ONU, 2000) que foi ratificada no ano de 2000, após oito anos de intensos debates. O documento afirma que as sociedades humanas se encontram num momento crítico de sua relação com o Planeta, necessitando escolher o futu- ro que desejam para si, dado o fato de que a relação homem/natureza está tornan- do-se cada vez mais interdependente e frágil, encaminhando-se para um futuro de grandes perigos. Faz-se necessário reconhecer que os humanos são apenas mais uma espécie existente num mundo magnífico, de várias culturas e formas de vida,

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