Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Bruno Miguel Garcia Barbosa, Vanusca Dalosto Jahno e Ana Luísa Almaça da Cruz Fernando 106 taminados commetais pesados (ver IRAM et al. , 2019, p. 421). A mamona ( Ricinus communis L.) apresenta naturalmente associações com fungos arbusculares (impor- tantes na manutenção da estabilidade do solo) que lhe permitem tolerar e extrair a grande maioria dos metais pesados de solos contaminados, compostos orgânicos e pesticidas (como o DDT), ao mesmo tempo que promove a fertilidade de solos afetados por fenômenos de desertificação e erosão (BAUDDH et al. , 2015, p. 646), e produz biomassa com elevada qualidade para a produção de bioenergia (KIRAN; PRASAD, 2017, p. 104). Por estas razões, é uma espécie que deverá ser estudada em intuitos de fitorremediação de diferentes fatores químicos e biofísicos, afetados pelas interações existentes entre MPs/NPs, pesticidas e outros poluentes (metais pesados). Além da mamona, espécies como Arundo donax L., Cannabis sativa , Phragmites aus- tralis , Salix spp., Miscanthus spp., Populus grimminge , Pennisetum purpureum , Pen- nisetum thyphoideum , e Jatropha curcas podem ser usadas na restauração do pH do solo, aumentando ainda o arejamento do solo, e a respetiva agregação, promovendo a estabilização de encostas e minimizando a lixiviação de metais pesados e diferentes compostos orgânicos, por fitoestabilização (DAUBER et al. , 2012, p. 23; MCCAL- MONT et al. , 2017, p. 13) pelo que é altamente provável que tais propriedades pos- sam ser desempenhadas em solos co-contaminados com pesticidas e MPs, devendo isso ser estudado. Independentemente das condições existentes nos solos, isto é, condições edafoclimáticas, e contaminação com metais pesados, compostos orgâni- cos e pesticidas, a implementação destas plantas nesses ecossistemas proporciona: 1) a criação de habitats para o desenvolvimento de micro e macro-organismos do solo; 2) favorecem interações microbianas tolerantes às altas temperaturas, como o Rhi- zobium leguminosarum , e tolerantes ao frio como as Pseudomonas spp.; 3) reduzem a evapotranspiração à superfície, contribuem para a conservação (retenção) da água na solução do solo, e respetiva infiltração, e melhoram a estabilidade dos agregados do solo, que MPs tendem a desagregar (BRIONES et al. , 2019, p. 5). Assim, apesar de ainda não existirem estudos que comprovem a eficiência e eficácia da aplicabilidade das tecnologias de fitorremediação e biorremediação no tratamento de solos co-contaminados com MPs/NPs e pesticidas, fica paten- te que algumas plantas são capazes de promover, por fitoestimulação, diferentes consórcios bacterianos e fúngicos, que são capazes de degradar MPs de diferentes origens, assim como diferentes pesticidas. Muitos destes consórcios microbianos, assim como as plantas associadas, podem tolerar diferentes condições edafo-cli- máticas e promover a contenção de vários poluentes ao nível da rizosfera das plan- tas, evitando a sua disseminação, e lixiviação para os lençóis freáticos, ao mesmo tempo que diferentes benefícios socioeconômicos poderão ser gerados pela pro- dução de biomassa com qualidade para bioenergia, fibra e outros bioprodutos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Micro(nano)plásticos e pesticidas têm chegado aos solos agrícolas por dife- rentes vias, contribuindo para a contaminação desses ecossistemas e colocando di- ferentes riscos na saúde animal e humana. Na presença de MPs e NPs muitos pes-

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