Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Tecnologias de biorremediação e fitorremediação aplicadas à remoção de pesticidas e microplásticos... 105 Mediante a fitoestimulação de micro-organismos, culturas energéticas fi- torremediadoras promovem a atividade microbiana e fúngica, degradadoras de MPs e pesticidas: a) através da liberação de exsudados das suas raízes (açúcares, acetatos, enzimas, etc.); b) através do estímulo dos processos aeróbios operados pelas suas raízes; c) mediante o aumento das disponibilidades de carbono orgâni- co no solo; e, d) através do aumento de micro-habitats para o seu desenvolvimen- to (BANJOKO; ESLAMIAN, 2016). Tiwari et al. (2020, p. 14) apresentaram uma lista de diferentes micro-organismos que podem ser usados na remediação de meios contaminados com MPs, incluindo solos. Segundo estes autores, bactérias como Bacillus spp . , Ideonella sakaiensis , Muricauda sp., Thalassospira sp., Paeniba- cillus amylolyticus , Comamonas acidovorans , Pseudomonas spp., Brevibacillus borste- lensis , e Kocuriapalustris , e fungos como Zalerion maritimum , Aspergillus spp. e o Penicillium pinophilum , podem degradar MPs de polipropileno, polietileno, PET, ácido polilácteo, poliuretano, poliestireno, polietileno de baixa e alta densidades, e partículas plásticas de Nylon 66 e Nylon 6, de solos, ecossistemas de mangue, e ecossistemas aquáticos. Este trabalho refere ainda uma longa lista de enzimas pro- movidas por esses micro-organismos, que participam do processo de degradação de partículas plásticas em vários ambientes contaminados (TIWARI et al. , 2020, p. 20). Muitas das enzimas promovidas por micro-organismos degradadores de MPs são também responsáveis pela degradação de outros poluentes existentes nos solos, como os pesticidas (ver ALI et al. , 2020, p. 1887). A presença de enzimas no solo não é razão suficiente para que elas atuem nos pesticidas, dado que outros parâmetros (ecológicos, bioquímicos, fisiológicos e moleculares) são igualmente importantes para que elas estejam ativas na degradação (BHATTACHARJEE et al. , 2020, p. 291). No entanto, alguns estudos recentes têm mostrado que bacté- rias como as Pseudomonas spp., Klebsiella spp., e Bacillus spp.; e fungos como Tri- choderma spp., Aspergillus spp., e fungos lignolíticos podem degradar pesticidas, incluíndo inseticidas organoclorados como o endosulfan, glifosato e metabólitos derivados (AMPA) nos solos (AHMAD et al. , 2020, p. 3; BHATTACHARJEE et al. , 2020, p. 291; KAUR; GOYAL, 2020, p. 3). De fato, fungos endofíticos desempenham também um papel importante na performance de muitas plantas fitorremediadoras (DENG; CAO, 2017, p. 1104). A espécie Panicum virgatum pode ser usada na remoção dos herbicidas trini- trotolueno, bifenil policlorado, e hidrocarbonetos aromáticos polinucleares comple- xados com Cr e radionuclídeos (PARRISH; FIKE, 2005, p. 425). Além disso, esta espécie estimula diversas atividades microbianas na sua rizosfera, mediante a pro- dução de substâncias poliméricas compostas maioritariamente por polisacarídeos extracelulares, ao mesmo tempo que é ativa na remediação de diversas propriedades físicas que são danificadas pela presença de MPs nos solos – melhorando a retenção hídrica a estabilidade dos agregados do solo, e aumentando a persistência de C nos solos (SHER et al. , 2020, p. 6). Quando inoculados fungos arbusculares, a Pani- cum virgatum alia à melhoria das performances fitorremediativas (fitoestabilização de vários contaminantes ao nível das raízes), elevadas qualidades de biomassa para a produção de bioenergia (EMERY et al. , 2018, p. 506). Resultados semelhantes a estes foram registados para as espécies Zea mays e Helianthus annuus , em solos con-

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